Embora Joanne Harris seja conhecida por escrever romances como Chocolate, em Gentleman and Players (ou Cheque ao Rei na versão portuguesa) a história centra-se sobretudo na obsessão pela vingança e na dedicação a uma profissão.

A narrativa desenvolve-se com o entrelaçar de três relatos de duas personagens – um velho professor e a actualidade / passado de um novo.

Embora o livro se centre neste jovem professor, a sua identiddade apenas nos é revelada no final. Filho do porteiro (bêbado e violento) de um colégio, e na ausência da mãe que fugiu para se  encontrar a si própria, a adolescência foi marcada por estranhos acontecimentos. Apesar de viver no recinto da escola privada onde o pai trabalha, estuda numa estatal, onde é ridicularizado e marginalizado pelos colegas e professores. O tempo livre passa-o tentando pertencer ao mundo ao qual se julga de direito, e a pouco e pouco vai ultrapassando as barreiras de separação, vivendo a adrenalina da clandestinidade. Assim conhece aquele que se torna o seu melhor amigo – um rapaz inteligente, rebelde e manipulador; altura em que a obsessão do rapaz transferida da escola privada para o amigo que simboliza um superior estatuto social.

Anos mais tarde regressa ao colégio como professor, mas não com o objectivo de leccionar.

Os dados estão lançados, os relatos alternam-se assinalados por peças de xadrez, e cabe-nos a nós decifrar o puzzle com o evoluir da história.

Este é daqueles livros que se torna viciante, no qual a história vai sofrendo reviravoltas, algumas pouco expectáveis e embora não tenha entrado para a lista de obras predilectas, é sem dúvida recomendável para os apreciadores do género.