Apesar do título do filme, Valerian e a cidade dos 1000 planetas, a história que mais se assemelha é a apresenta aqui como O Embaixador das Sombras que se inicia com a entrada dos nossos heróis numa imensa cidade espacial onde co-existem milhares de espécies sapientes diferentes, criando um aglomerado heterogéneo e imenso.

Dentro deste imenso aglomerado sobrevivem os membros de uma civilização há muito perdida que pretendem refazer o seu mundo. Para tal necessitam de algo que a agente Valerian possui, um Transmutador, um espécime capaz de reproduzir o objecto que engole.

Estes mesmos espécimes raptam o Embaixador, o homem que pensam possuir o Transmutador. O rapto é pacífico, iniciando-se com a imobilização de todos os elementos que poderiam responder com as armas e cabe a Laureline seguir as pistas para resgatar o Embaixador.

E agora uma nota para quem viu o filme, sim, no livro, é Laureline que se infiltra numa cidade carregada de brutamontes e é Laureline que é seduzida por homens de tronco nu. Engraçado constatar como, numa obra com mais de 40 anos, é mais possível a heroína da história ser uma mulher do que no filme que resulta na sua adaptação.

Como as histórias anteriores esta apresenta-se carregada de elementos imaginativos com raças sem fim e culturas de diferentes perspectivas, realçando o temperamento tempestuoso e pouco submisso de Laureline.

A segunda história deste volume, Em Terras Fictícias, parece retornar à fórmula inicial, mas com maior grau de complexidade. Laureline acompanha uma agente mais velha que replica Valerian. Os duplos são enviados para vários pontos no tempo com missões cronometradas ao segundo.

Destacam-se aqui os sentimentos de Laureline por Valerian, apresentado como a força bruta da dupla. Laureline é tratada com condescendência pela agente mais velha, por um lado por conta da sua idade, por outro por demonstrar evidentes sentimentos por Valerian.

De narrativa mais simples e linear, toda a acção apresentada na história Em Terras Fictícias é repetitiva, reproduzindo ao longo de diferentes épocas o mesmo padrão, cada vez mais rápido e intenso que deveria terminar numa grande revelação. Existe revelação mas esta não teve o efeito bombástico esperado, deixando a sensação de história pouco conclusiva e sem objectivo.

Ainda que a segunda história do volume seja, do ponto de vista narrativo, inferior, a primeira é rica em detalhes futuristas que se completam de forma lógica criando um Universo fascinante.

A série Valerian está a ser lançada em Portugal pela Asa em parceria com o jornal Público.