Em Touch de Claire North a premissa é simples – na sequência de mortes violentas existem fantasmas capazes de se apropriarem de um corpo e adquirirem consciência nesse corpo. Estas entidades vão saltanto de corpo em corpo, precisando, para isso, apenas de um contacto entre peles.

Kepler é um destes fantamas – um fantasma que prefere ocupar corpos com a autorização dos seus donos, estabelecendo acordos com prostitutas e drogados e dando-lhes novas vidas, novas identidades e novas possibilidades. Mas nem sempre tal acordo é possível e, por vezes, Kepler é obrigado a ocupar o primeiro corpo disponível, principalmente quando está a ser perseguido por uma entidade que quer terminar com todos os fantasmas.

A narrativa de Touch não é linear. Ora nos é apresentado um episódio da existência passada de Kepler, ora um episódio do conflito actual. Kepler viu-se perseguido e agora ocupa o corpo do homem que o tentou matar. Mas enquanto foge e tenta perceber a origem da perseguição, vão-nos sendo mostrados episódios de 1001 existências, desde ricas vidas ao lado de grandes paixões, à dura recuperação de dependência de drogas.

Ao longo da perseguição Kepler percebe que não é o único alvo.  A organização que o persegue já eliminou outros como ele e, ainda que tenha como alvo principal um fantasma conhecido pelos seus assassinatos violentos, Galiley, Kepler consegue perceber que Galileu conseguiu infiltrar a organização. A partir daqui Kepler tenta de tudo, desde alianças a outros fantasmas, à cooperação com outros seres humanos dessa mesma organização.

A premissa é simples e curiosa. Tanto quanto A Súbita Aparição de Hope Arden. Mas em Touch passa a ser possível seguir um caminho de maior acção, diminuindo o desgaste do desenvolvimento de vários episódios sob a mesma fórmula. Tal como em A Súbita Aparição de Hope Arden, a história é contada sob a perspectiva da mesma personagem, partindo do presente para apresentar episódios passados sob a forma de memórias.

Apesar de conter maior variação de episódios do que A Súbita Aparição de Hope Arden, senti que este Touch se alongou um pouco mais do que o necessário para apresentar a história global, possuindo alguns episódios pouco significativos que se tornaram mais difíceis de ultrapassar. Ainda assim é uma leitura agradável e recomendável, tanto pela ideia simples, como pelo desenvolvimento dessa mesma ideia.