A premissa de Blood Music foi desenvolvida inicialmente num conto publicado em 1983 na Analog, que venceu os prémios Hugo e Nébula.
Encorajado pelos prémios, Greg Bear desenvolveu o conto num romance com o mesmo nome, que viria a ser nomeado para os mesmos prémios na categoria respectiva.
Apesar de não ter ganho os prémios referidos, Blood Music é considerado um dos melhores livros de Ficção Científica, fazendo parte de uma colecção de 8 obras da Gollancz – Future Classics.
Blood Music é um livro de FC sem naves, sem extra-terrestres, sem tecnologias informáticas ultra-avançadas – recorre apenas à microbiologia e à genética.
Não são vulgares os livros do género bem sucedidos que se baseiam única e exclusivamente em experiências laboratoriais. E se um cientista fosse capaz de dar inteligência a células?
Vergil Ulam é um cientista sem medo de recorrer a meios algo obscuros para conseguir o que pretende, como falsear informação curricular. No entanto, as suas capacidades intelectuais são suficientes para ninguém questionar o currículo.
Para além das experiências do projecto, Vergil utiliza o laboratório para desenvolver as suas próprias ideias fora do horário de trabalho – algo usual na área. O que não é normal são as experiências de Vergil – utilizando vários tipos de células (até células animais ou células humanas), e DNA humano silencioso (intrões, que segundo algumas teorias se tratam de lixo celular), Vergil constroe células inteligentes.
Quando os materiais que utiliza nos ensaios se tornam conhecidos, Vergil é despedido por as experiências não serem abrangidas pelas licenças da empresa e por serem consideradas pouco éticas. De modo a salvar os resultados, Vergil injecta-se com as suas próprias células modificadas.
Desempregado, a vida de Vergil modifica-se – conhece uma rapariga, Candice, algo para ele pouco normal; e sofre alterações morfológicas profundas – recupera a visão, o metabolismo modifica-se e deixa de ter alergias. Para além do bem estar geral, os ossos e os tecidos celulares são optimizados levando a uma re-estruturação geral. Tudo na transformação é prefeito, até que Vergil começa a ouvir música no sangue – as próprias células decidem dar-se a conhecer.
A história roda em torno de Vergil durante o primeiro terço, e lembro-me de ter achado que mais um pouco do mesmo e caísse na monotomia. Mas Greg Bear roda o tabuleiro e consegue-nos surpreender, evoluindo a história de uma forma imprevista, surreal e repentina que lhe dá um novo ímpeto. Após nova reviravolta, Greg Bear termina a história quando deve, sem se perder nem alongar para além do necessário.
A meio fica-nos uma introspeccção curta em que, propositadamente, se relembra de um clássico de FC – Frankenstein. Um livro que apesar de extraordinário, deixou na sociedade um medo patológico dos cientistas, e das suas experiências incompreendidas pelos restantes seres humanos.
Para além desta comparação, algo de interessante no livro é a sua estrutura interna – os capítulos são nomeados consoante as fases da mitose; em consonância com o desenvolvimento da história.
Enciclopédia de proteinas
http://www.bbde.org/index.php?showtopic=7536&hl=
Hum… ja existe há algum tempo… entre cientistas, pelo menos…