Schismatrix Plus reune não só o livro Schismatrix, como uma selecção de contos decorridos no mesmo Universo criado por Bruce Sterling, um dos co-fundadores do Cyberpunk.

Neste Universo, futuro, os verdadeiros humanos deram lugar a duas facções rivais que ultrapassaram a barreira da humanidade e da mortalidade de duas formas bem diferentes: os Shapers utilizam a engenharia genética, os Mechanists utilizam a tecnologia e mais especificamente os computadores.

Neste mundo em guerra sonha-se pela entrada em cena dos extra-terretres, de cuja certeza não se tem e certeza. Com eles, pensa-se, virá a paz. E realmente, assim é. À chegada dos extra-terrestres comerciantes (conhecidos como comerciantes) estabelece-se a paz, mas também uma espécie de guerra fria, em que a espionagem e a política têm dois papéis principais: as rivalidades mantém-se e aumentam as facções.

Em Schismatrix, Abelard Lindsay é a personagem principal, um aristrocrata Mechanist que recebe treino diplomático e se une à causa dos Shapers. A história inicia-se com o suicídio de Vera, companheira de Lindsay. Exilado para um planeta de criminosos e renegados políticos, Lindsay consegue instaurar o caos e fugir na altura crítica. Este parece ser um dos grandes dons de Lindsay – integrar-se, singrar e fugir, na altura em que tudo vai desabar. Lindsay vive, assim, várias vidas, num mundo em que é possível a renovação, a transformação e viver eternamente.

As boas passagens da história, enérgicas e inteligentes, localizam-se essencialmente nas diversas reviravoltas da vida de Lindsay. Estas não constituem, infelizmente, o todo,  e pelo meio existem porções menos emocionantes, mais paradas e até por vezes aborrecidas que fazem prolongar a leitura do livro.

Esta é fundamentalmente a diferença para com os cinco contos que foram lançados antes de Schismatrix: Swarm, Spider Rose, Cicada Queen, Sunken Gardens e Twenty Evocations; curtos, bem construídos, directos e com hábeis reviravoltas que nos fazem sorrir ironicamente.

Para mim, Swarm e Spider Rose serão, sem dúvida os dois melhores. Ambos foram publicados, em 1982, na The Magazine of Fantasy and Science Fiction e nomeados para o Hugo.

Em Swarm, dois Sharpers tentam manipular uma colónia de extra-terrestres pouco inteligentes que se assemelham, em funcionamento social, a formigas ou abelhas. Mas será esta colónia assim tão fácil de controlar?

Spider Rose é o nome da personagem principal do conto, uma viajante solitária que negoceia com os extra-terrestres (Investidores), mas que não pretende riquezas, armas ou tecnologia.

Ainda que tenha gostado de Schismatrix, continuo a achar que Altered Carbon (Richard Morgan) é o melhor que li de Cyberpunk, talvez por conseguir manter sempre um ritmo acelerado, o que contribuiu para o ler de uma só vez. Por sua vez, Swarm, encontrar-se-á entre os melhores contos que já li.