The Red Queen é o segundo volume de Elephantmen 2260, um spin-off da série de nome semelhante, Elephantmen. Ainda que as personagens nos tenham sido apresentadas no primeiro volume, a história pouco ou nada tem a ver com este The Red Queen.
Começando com um episódio que revela a dura convivência entre homens-animal numa sociedade humana (são vistos como estrangeiros que roubam a ocupação aos restantes) leva-nos ao perigoso parto de Sahara. Perigoso porque o filho que está prestes a ter é fruto da união com um homem-animal (Obadiah Horn) e facilmente poderá ser visto como um símbolo.
Para além deste óbvio motivo para permanecer escondida, Sahara está a ser caçada pelo próprio pai, Serengheti, que ainda vê a filha como propriedade sua, pronta a ser explorada e humilhada. Homem rico e poderoso, irá fazer de tudo para reclamar o futuro da sua descendência.
O primeiro volume de Elephantmen 2260 pode ter alguns defeitos de argumento mas o que me convenceu a pegar noutro volume foi sem dúvida os momentos de pura diversão de esplêndidas lutas de gigantes e a qualidade gráfica de figuras excepcionais que ocupam as duas páginas.
Neste sentido gráfico, The Red Queen mantém-se, ou, até, melhora. São varias as páginas de desenhos futuristas, detalhados de cor formidável. Infelizmente estas páginas contrastam com outras, demasiado carregadas em diálogo, onde parece querer compensar-se pelos planos contemplativos – páginas de desenhos mais simples, em quadrados pequenos quase claustrofóbicos mas que, ainda assim, primam pela composição.
Outro dos aspectos negativos desta banda desenhada é o querer ser levada a sério, mostrando citações de Carl Jung e dando uns fortes pontapés nos princípios de genética mais básicos. Para além destes detalhes, parece querer aproveitar a figura da Red Queen e a geração de um filho misto (visto como um símbolo de um futuro conjunto entre as duas espécies) para desenvolver uma mitologia grandiosa de um Messias.
Finalmente, o ambiente é mais pesado que o primeiro volume – mais sério e mais violento. Consegue pegar em temas sensíveis como a objectivação da mulher ao nível mais básico e às atrocidades que são cometidas diariamente mas consegue perder a credibilidade, durante a leitura, com os grosseiros erros científicos e acaba por se safar apenas como um momento de diversão, visualmente deslumbrando, para limpar a cabeça de registos verdadeiramente mais sérios.



