Não se deixem enganar pela capa – o quinto volume continua o fôlego introduzido pelo quarto, com episódios de grande acção e pequenas revelações que fazem com que se leia rapidamente e sem pausas. Os heróis separam-se cada vez mais na tentativa de se reunirem, capturados por circunstâncias que não controlam – é esta separação que provoca linhas narrativas paralelas de grande acção.
Enquanto Driller (um robot mineiro) explora, com um velhote, a superfície do planeta Woch, conferindo alguns dos episódios mais supreendentes do ponto de vista gráfico e mirabolantes a nível narrativo, misturando figuras fantásticas com tecnologia, Tim-22 já largou a máscara e mostra-se com toda a sua maldade, tentando eliminar os dois humanos que com ele viajam. Quando tudo parece perdido para os dois humanos, mostra-se que nem tudo é o que parece e é Tim-22 que ficará em apuros.
Por sua vez, Tim-21 continua entre os robots e tenta fugir pois recorda, com saudade, o humano que conheceu em criança e pretende reencontrar-se com ele. O pequeno robot não percebe a perspectiva dos que querem eliminar a humanidade, mantendo alguma da inocência infantil com que foi programado. A sua tentativa de fuga não será totalmente isenta de danos, mas irá permitir uma revelação importante.
Enquanto cada personagem persegue as suas motivações, a armada do Império encontra o esconderijo dos robots, levando a uma batalha inevitável. As perdas do lado humano são excessivas e os robots voltam a revoltar-se, exterminando todos os humanos que conseguem atingir – mas o fim desta revolta promete ser diferente – ou pelo menos assim o indicam as pistas apresentadas ao longo deste volume.
Ao explorar os percursos de cada personagem, vão sendo depositadas pistas de uma história mais antiga que poderá influenciar os acontecimentos e originar uma reviravolta não só para a humanidade, mas para os próprios robots.
Cada personagem tem a sua própria personalidade, inclusive os robots, o que permite distribuir episódios mais leves (embora movimentados) entre os episódios de maior tensão. Driller, um simples robot mineiro, é um dos elementos que fornece os momentos mais soltos enquanto enfrenta uma série de criaturas na superfície de um estranho planeta.
Até agora Descender revela-se uma série extraordinária com páginas que possuem composições diversas consoante o ritmo e a importância do episódio. Apesar do estilo gráfico nem sempre agradar à primeira, aquando da leitura confere uma excelente capacidade de movimentação às personagens, o que combina com a narrativa, dinâmica e carregada de pequenas relevações.
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