Abandonada numa noite fria e enrolada num casaco de homem – assim apareceu Eliza, na casa dos Sommers. Adoptada pela família inglesa, Eliza é criada entre os cozinhados de Mama Fresia e as roupas finas de Miss Rose conhecendo várias versões romanceadas do seu aparecimento que acabam por se entrelaçar na realidade.

Agora estás lixada, menina, o teu corpo mudará, as ideias balhar-se-ão e qualquer homem poderá fazer contigo o que lhe der na gana

Assim profetiza Mama Fresia quando Eliza se torna numa “mulherzinha”… E pouco tempo depois não foi bem assim… mas quase – Eliza apaixona-se por um pobre e orgulhoso empregado de seu tio, de ideais revolucionários e sonhos utópicos, que acaba por partir em busca do ouro. A troco de uma jóia, Eliza consegue seguir o amado meses depois, escondida no porão de um navio por um cozinheiro chinês, que se revela um médico experiente aquando do aborto na viagem.

Fraca demais para seguir a pista do seu amado sozinha, o médico chinês desembarca com Eliza que se faz passar por rapazinho de modo a passar despercebida naquela terra de demasiados homens para poucas cortesãs baratas

Ao longo do livro, a história de Eliza é suspensa para dar lugar à das restantes personagens, cujos destinos se entrelaçam em estranhas coincidências.

O final é revelado ao longo do desenrolar da história – um comentário, uma premonição, um pensamento; mas sem por isso desvalorizar o prosseguimento da narrativa. Talvez por isso as últimas páginas me tenham parecido insuficientes, deixando alguns pormenores finais por contar – pormenores talvez desnecessários e muito previsíveis, mas que me deixaram aquela sensação de livro inacabado… Esse final pode, no entanto, ter ajudado a não deixar cair, tão cedo, o livro no esquecimento…