O livro começa com Casaubon a admirar o Pêndulo… o seu movimento, o seu significado – a chave mestra do Plano. Casaubon encontra-se em Paris após um perturbante telefonema de Belbo, que lhe confessa a veracidade do Plano – “Que absurdo! Tínhamo-lo inventado nós”.
Mas, o que é o verdadeiramente o Plano? Antes de seguir para Paris, Casaubon terá ido a casa de Belbo e inspeccionado o diário no qual se encerram os textos construídos ao acaso, mas que resumem o rumo de Belbo. A leitura destes textos é intercalada com os longos diálogos, ambos carregados de laços factuais que se sucedem ininterruptamente, e de informação que jorra de modo estonteante. É assim que se enrola o enredo, cada vez mais complexo, mais irreal, no qual o leitor tem de ir retendo os dados mais importantes e ir criando âncoras para seguir o raciocínio, por vezes turvo, que culmina no Plano.
A enumeração e a descrição, que tinham conseguido ser q.b. no Baudolino, parecem-me aqui um pouco excessivas nalgumas passagens. É um livro carregado de conexões algo complexas que englobam a história dos últimos séculos, envolvida em referências esotóricas, sociedades secretas e charlatães.
Mas tal como Baudolino, as personagens principais criam um história mirabolante, pela qual se fascinam e na qual se afogam, desvanecendo-se a fronteira entre a história e a realidade.