A atraente (a meu ver) capa é da responsabilidade de Stephan Martiniere, o mesmo artista responsável pelas capas espectaculares de Brasyl, Rainbow’s end ou River of Gods. Stephan Martiniere não se dedica somente a desenhar futuras capas, mas também participa na indústria cinematográfica em filmes como I Robot ou Star Wars (II e III).
O livro é da autoria de Karl Schroeder – conhecido por desenvolver algumas especulações sobre a nanotecnologia ou as viagens interestelares na sua ficção científica futurística.
Antes de Sun of Suns, escreveu três novelas – Ventus, Lady of Mazes e Permanence – distinguidas pela aplicação de um novo conceito – Thalience. Uma só palavra, duas definições possíveis, ambas relacionadas com a capacidade de uma entidade não humana ser independente das categorias humanas de pensamento e de não ser apenas um espelho destas. Este será um género de parâmetro de avaliação das entidades, independente da auto-consciência.
No mínimo, intrigante.
Ainda que não tenha lido os restantes de Karl Schroeder, Sun of Suns, parece afastar-se desta perspectiva.
A história passa-se num futuro restante, num balão cheio de ar, água e rochas flutuantes, grande o suficiente para constituir um Mundo de nome Virga. Os humanos que aqui habitam terão de construir os próprios sóis, assim como cidades em torno destes. A estabilidade das povoações depende não só da energia como da gravidade exercidada por estes sóis que são ainda fonte de poder – as nações que os possuem utilizam-nos para controlar e subjugar as restantes.
As sociedades são peculiares e deixaram-me uma impressão medieval – não por esperarmos castelos, cavalos e canções à lareira, mas pela hierarquização social, e pela mentalidade retrógada demonstrada pelas camadas inferiores. Outra coisa estranha é o modo como o conhecimento se encontra distribuído – possuem algumas capacidades tecnologicamente avançadas a par com alguma primitividade. Tal é algo que me pareceu incongruente no início, mas que é depois explicado com o desenrolar da história e que poderá ser explorado nos volumes seguintes.
A personagem principal, Hayrden Griffin, terá ficado orfão aquando da tentativa falhada do seu povo se tornar uma nação independente através da construção de um sol. Tal falhanço ter-se-à devido a uma frota destrutiva enviada pelo povo dominante. Hayrden cresce e a morte do comandante desta frota torna-se o objectivo da sua vida.
Quando comecei a leitura, o facto de a história partir de um jovem revoltado em busca de vingança, não me pareceu muito original. Vários livros existem, romances, fantasia ou Scifi que partem da mesma premissa. Esta impressão confirma-se nas primeiras páginas, mas a partir do meio a acção torna-se algo imprevisível, e vemo-nos arrastados por coincidências mirabolantes ou encontros estrategicamente bem colocados – até ao final em aberto que surpreendeu positivamente. Será interessante ver se Karl Schroeder consegue desenrolar de forma inteligente o novelo que emaranhou e fazer algo diferente.
O ponto forte é definitivamente o Mundo singular que poderá conter possibilidades diferentes. A história não é memorável, nem espectacular, mas deu vontade de pegar nos restantes livros da série, e ver se Sun of Suns funciona somente como introdução e se apanham as pontas soltas, ou se o tom se mantém e parte para uma trilogia de pouca relevância.
Pesquisando Sun of Suns, encontrei teu blog. Gostei do estilo de resenha. Abs!
Brigada 🙂
Olá,
Já leste Ventus, Lady of Mazes e Permanence, pois não?
[]s
Tiago
Não 🙂 mas andei a ler umas coisitas sobre o que o autor tinha escrito antes e pareceu-me interessante.