Primeiro e, até agora, único livro de K. J. Bishop (autora australiana que reside actualmente na Tailandia), The Etched City foi nomeado para a categoria de melhor novela tanto no World Fantasy Award como no British Fantasy Society. Publicado por diversas editoras, até agora a capa mais interessante será a da edição inglesa pela TOR.

A história enquadra-se dentro do género fantástico, talvez até no New Weird. A acção decorre num Mundo diferente, do qual fiquei com a ideia de ser pós-apocalíptico ou pós-guerra – um Mundo negro, de justiça laça governado pelos grupos armados e balas dispersas. Conhecemos as duas personagens, Gwymn e Raule numa espécie de deserto, com a cabeça a prémio e tentando escapar do Exército dos Heróis. Encontram-se numa espécie de estalagem e prosseguem viagem juntos até conseguirem entrar na Cidade de Ashamoil.

Na cidade tudo muda, o ambiente, as personagens e até diria, a escrita. Raule e Gwymn separam-se. Raule não consegue um lugar no hospital central e acaba por exercer a sua actividade médica num centro de apoio local apoiado por freiras. Gwymn, por sua vez, junta-se a um bando armado comandado por um dos homens mais poderosos da cidade.

Mas se pensavam que tinham atingido a estabilidade, coisas anormais sucedem-se nesta cidade, de onde se destaca a considerável quantidade de mulheres que dão à luz monstros pouco humanos e perturbadores.

Nostálgico, negro e cativante, este livro poderia ser comparado aos livros de Vandermeer ou de Miéville. No entanto, não se torna nem tão estranho ou denso, nem tão impregnado de uma cultura fantástica própria quanto o trabalho dos referidos autores. The Etched City pareceu-me precisar de mais trabalho de modo a se tornar focado e ritmado.

A cidade de Ashamoil pode ser encontrada numa compilação de histórias sobre cidades fantásticas Leviathan: Cities, uma série de livros que se dedicam a “exploring the character of cities and the city as character“, mapeando as cidades, explorando-as e concedendo-lhes vida própria.

Para quem quiser saber algo mais sobre K. J. Bishop, pode explorar o seu blog ou ler uma extensa entrevista em Clarkesworld Magazine. Ainda poderão encontrar excertos do livro em Fantastic Metropolis.