Esta série foi a primeira leitura que peguei este ano, ainda que tenha sido lançada há já algum tempo pela Asa em parceria com o jornal Público. A série centra-se num grupo de piratas ou mais propriamente, no seu líder denominado Black Crow. Não é uma série espectacular, mas é uma razoável leitura de entretenimento que segue uma lógica semelhante nos seis volumes.

Black Crow é uma personagem peculiar. Filho de um colono com uma indígena, é o comandante de um barco pirata. Tenta agora vigar-se contra o seu comandante no exército que não cumpriu o contrato estabelecido.

De volume em volume, Black Crow vai dirigindo os seus homens numa sucessão de missões que resultam em traições e múltiplas mortes. Segue-se, pois, a vingança pela traição e pelos colegas caídos, mas em circunstâncias cada vez mais difíceis e, até degradantes, com o conjunto de piratas a seguir aventuras cada vez mais mirabolantes, sombrias e desastrosas.

Este ciclo repetitivo vai provocando novas fugas e novas aventuras, com a tripulação a explorar novos territórios, quer no território africano, quer no território americano. Encontramos, assim, restos da civilização grega em África e o famoso El Dorado. O resultado é uma sucessão de aventuras engraçadas, com algumas páginas visualmente interessantes.

A acção foca-se apenas em Black Crow, sendo ele o principal instigador das aventuras e das vinganças, tornando-se conhecido quer pelas capacidades de luta, quer pela sagacidade e habilidade na navegação. As restantes personagens cumprem os seus papéis, havendo algumas secundárias com relativo interesse. Enquanto personagem, Black Crow tem uma caracterização mínima e uma quase inexistente progressão.

A série segue dentro da fórmula referida, criando episódios de acção, com confrontos entre barcos ou entre tripulações e lutas corpo a corpo em terra. As histórias vão seguindo com alguns elementos surpresa, pequenas reviravoltas que atestam à má índole dos vilões e que colocam Black Crow no papel de honrado, apesar de caído em desgraça e transformado em pirata.

O resultado fornece entretenimento sem ser espectacular, numa progressão ritmada pelos episódios de acção, com interacções contidas mas necessárias. O visual consegue surpreender nalguns momentos, usando os locais exóticos e o tema para fornecer algumas páginas interessantes.