Se, nas minhas primeiras opiniões da série, com a leitura dos primeiros volumes, falei da série como simples mas agradável (destacando, claro, os fabulosos desenhos) a verdade é que foi com grande entusiasmo (e impaciência em ler) que recebi estes dois volumes da série.

Pouco a pouco, de pequena história em pequena história, desenvolve-se a misteriosa cidade que só é atingível voando. Esta cidade, de múltiplos avanços tecnológicos e segredos alquímicos, apresenta-se num mundo de contornos medievais, onde não faltam os elementos que se encontram entre a fantasia e a ficção científica.

Esta cidade é, também, a porta de entrada para outras maravilhas tecnológicas (avançadas para a época), com invenções feitas pelos habitantes, ou com pistas sobre outras localizações fabulosas e impossíveis. Existem uma série de hábitos e códigos distintos nesta cidade que recordam uma espécie de Atlântida, uma cidade mitológica que existiria no Oceano Atlântico carregada de maravilhas.

A par com a componente tecnológica, as histórias apresentam vários elementos de fantasia – não só pelos vários animais monstruosos que se vão encontrando, mas também pelo aparecimento de gigantes e de fenómenos sobrenaturais.

Em termos de narrativa, as personagens são efectivamente pouco desenvolvidas, existindo o vilão absoluto que se opõe aos bons e honrados da cidade, aos quais se junta o mercenário que, apesar da conotação do nome, demonstra uma faceta heróica.

Não é o único. Aliás, diria que Nan-Tey, uma guerreira feminina demonstra capacidades tão ou mais elevadas do que o mercenário, expondo-se continuamente a maiores riscos, e salvando, por vezes, o Mercenário. Curiosamente, também ela é salva por ele, havendo várias situações em que está cativa, e nua (ou em que tem de retirar a roupa).

A combinação de elementos tecnológicos e fantásticos, bem como as particularidades dos cenários permitem construir uma sucessão de páginas visualmente deslumbrantes, apesar de existir alguma rigidez nas posturas corporais das personagens.

No final de cada volume encontramos um capítulo de “Conheça Vincente Segrelles” onde se mostram estudos do autor sobre determinados elementos que encontramos nos livros. No quinto livro encontramos informação sobre as várias invenções apresentadas, bem como estudos sobre castelos. Já no sexto volume, o capítulo apresenta curiosidades sobre as embarcações, bem como o motivo de apresentar elementos egípcios durante a história.

Apesar de ter achado os primeiros volumes pouco interessantes na componente narrativa, noto que estou cada vez mais interessada no seguimento – sobretudo pelo mundo construído, e pelos elementos surpreendentes que vão aparecendo na narrativa.