Alberto Manguel é o autor de vários livros fabulosos sobre livros ou sobre aspectos que envolvem os livros. Um dos que mais facilmente me recordo é Biblioteca à noite, onde o autor fala da sua fabulosa biblioteca ou Embalando a minha biblioteca, onde fala da experiência aterradora de ter de empacotar os livros, sem saber se alguma vez voltariam a ter espaço próprio.

Este O Avesso da Tapeçaria é o seu mais recente livro, lançado em Portugal pela Tinta da China, e a meu ver, um dos mais fracos até ao momento. O livro será sobre a arte da tradução e contém vários (44) pequenos textos (1 a 2 páginas, na sua maioria) sobre vários aspectos da tradução.

São textos soltos e bastante leves ou superficiais compostos por algumas interrogações ou pensamentos, que, na sua maioria, não acrescentam conhecimento ou grandes vislumbres de algo maior. Alguns textos são mais poéticos na sua expressão, ou mais filosóficos, mas afastam-se quer do formato mais concreto de Uma História da Leitura, ou dos aspectos mais pessoais, como Embalando a minha biblioteca.

Cada texto pretende apresentar uma perspectiva diferente, compondo pequenos exercícios sobre o tópico, associando-o à tradução, ou expressando a tradução sob essa perspectiva (ou tema). Temos textos de títulos tão diversos quanto Pureza, Nome, Força ou Mundo.

Livro mais pequeno do que é habitual, este lançamento de Alberto Manguel não me fascinou. Apresenta-se demasiado disperso, mais como um exercitar de ideias e de ligações do que algo mais concreto e interessante.