O primeiro livro que li do autor, Kafka on the shore (premiado, citado e referenciado em vários locais como um dos melhores do ano transacto) inclui-se dentro do género fantástico. Hard Boiled Wonderland And the End of the World, por sua vez, poderá talvez ser considerado ficção científica. Mas a classificação do género é o que menos importa.
Tal como livro que li anteriormente, são contadas duas histórias em paralelo.
Na primeira, acompanhamos um agente que trabalha para uma organização do estado. Chamado a um local sobejamente guardado, é acompanhado por uma jovem de fato cor-de-rosa através das instalações imaculadamente ordeiras. No escritório, é encaminhado para dentro do armário, a partir do qual tem acesso às instalações subterrâneas onde reside o cliente. O seu trabalho é codificar informações, utilizando como chave, o próprio subconsciente, alterado e fechado pela organização.
Simultaneamente, no fim do mundo, um homem é privado da sua sombra para poder entrar na cidade. Vizualiza as bestas que ali se movimentam e os olhos são-lhe feridos para poder ler sonhos na biblioteca. No entanto, deixa de poder suportar a luz do dia.
A relação entre as duas histórias nem sempre é evidente, mas são-nos deixadas pistas. Talvez por já não ser o meu primeiro livro do autor, a história pareceu-me menos extravagante. Os pormenores são pensados de modo inteligente, não existem pontas soltas ou incogruências, o que nos leva a uma história coesa e completa até ao final, do qual se aproxima calmamente e com mestria.
Existem pontos em comum entre os dois livros – o aspecto das sombras e o fim-do-mundo; o que me leva a pensar que parte ficcional de ambos é menos díspar do que poderia parecer. No entanto, em Hard Boiled Wonderland and The End of the World, aprofunda-se a relação consciente / subconsciente, tendo sido este um dos aspectos que mais apreciei.
Apesar de ter gostado mais do primeiro (talvez por me ter revelado a novidade), penso adquirir e ler os restantes livros do autor. Decididamente, gostei.