Mindbridge foi o meu primeiro livro de Haldeman, um autor muito referenciado, mas do qual me tinha mantido afastada até agora. Enquadrado dentro da ficção científica militar, com títulos como Forever War (Guerra Sempre pela Europa-América), War Year ou Camouflage, os livros de Haldeman pareciam afastar-se bastante do meu género de leitura e foi com surpresa que me vi a apreciar Mindbridge.
A história centra-se numa personagem masculina algo estereotipada, um homem duro com tendência para a violência, extremamente inteligente sem cair na esquizofrenia – Jacque LeFavre. Filho de um físico, facto que irá marcar toda a sua vivência, Jacque constitui parte de uma equipa de reconhecimento, que explora novos mundos potencialmente habitáveis.
As viagens à velocidade da luz são ainda um sonho, mas graças a um acidente científico, descobriu-se uma espécie de teletransporte que permite viajar instantaneamente para um determinado local, durante um período de tempo limitado. Decorrido esse tempo, os viajantes reaparecem no local de origem. Todos os objectos que transportem consigo irão desaparecer após o mesmo tempo que durou a viagem.
Numa das primeiras explorações de Jacque são descobertos seres aparentemente simples, mas que conferem, a quem lhes toca, fortes capacidades telepáticas. Possuem também a capacidade de se defenderem, podendo induzir a morte aos seres humanos que pretendam magoá-los. Estes pequenos seres não são o único imprevisto nas explorações humanas, e será encontrada uma outra espécie sapiente mas violenta, os L’vrai.
Um dos aspectos que me cativou desde o início de Mindbridge foi a escrita – concisa, sem se perder por deambulações demasiado filosóficas, ainda que tenha algum (pequeno) espaço de meditação, carregado de discurso directo e intercalado por gráficos e esquemas explicativos (nada de complexo). Algumas das hipóteses científicas são engraçadas, assim como as histórias paralelas que podemos encontrar dentro da história principal, um aspecto que costuma elevar a minha opinião por conferir alguma consistência.
Após a leitura e dado algum distanciamento crítico da história, verifico que alguns factos podem ser considerados forçados – Jacque tem algumas características especiais enquanto ser humano e está no local certo na hora certa, o tipo de experiências que são realizadas com seres alienígenas ou o modo como são conduzidas as expedições.
Nenhum destes aspectos nublou o meu gozo pela leitura, e no final ficou a sensação de um bom livro de ficção científica muito diferente do que esperava. Talvez um estímulo em pegar em mais alguma coisa de Joe Haldeman.
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No âmbito do Círculo de Leibowitz podem encontrar outras críticas ao livro:
- Inner Space (Parte 1 | Parte 2)
- Blade Runner
Parece muito interessante. Acho que também vou dar uma vista de olhos. Obrigada pela sugestão.
De nada 🙂