Há anos que jogamos Patchwork (agora principalmente na aplicação de telemóvel que é mais prática para quando não estamos em casa) reconhecendo-o como um excelente jogo abstracto para dois jogadores. Eis que, por oferta de um casal amigo, nos vem parar às mãos este Robin of Locksley, com mecanismos bastante distintos (em relação a outros jogos de Uwe Rosenberg) – um jogo para dois jogadores nitidamente subvalorizado do qual se devia falar mais.
Enquadramento temático
Tanto a capa como a simbologia das peças remetem para tesouros que Robin de Locksley andará a roubar aos nobres normandos com o intuito de libertar o Rei capturado nas cruzadas. Na prática, o jogo é mais abstracto e o tema serve mais para justificar o visual e, talvez, o detalhe do movimento no tabuleiro. Para o estilo de jogo não é muito relevante.

O Jogo
O espaço de jogo é composto por uma grelha de 25 peças (tesouros em 5 linhas / 5 colunas). Esta grelha é rodeada por uma série de objectivos que o jogador deve atingir para progredir. O objectivo do jogo é ser o primeiro a terminar estes objectivos, dando duas voltas ao tabuleiro.
O jogo tem, portanto, dois meeples – um que se desloca em torno do tabuleiro, assinalando os objectivos concretizados, e outro (um cavalo) que se desloca na grelha de peças e através do qual o jogador capta os tesouros. O cavalo move-se no tabuleiro através do movimento clássico no xadrez da peça cavalo (em L).
Na sua vez, o jogador move o cavalo (captando uma peça). Caso as condições do próximo objectivo estejam concretizadas, o meeple move-se ao longo do circuito de objectivos. O jogador pode, ainda, trocar tesouros por moedas e pagar moedas para ultrapassar objectivos. Os objectivos podem referir-se ao tipo de peças que o jogador detém (peças de tesouro brancas ou azuis), às combinações e número de peças (três peças de um tipo e duas peças de outro) ou às posições do cavalo no tabuleiro (cavalo num canto). O jogo termina com o primeiro jogador a dar duas voltas ao tabuleiro.

Componentes
Os componentes são simples, sem nada a destacar positiva ou negativamente pela qualidade. As peças de cartão são grossas o suficiente para o objectivo a que se destinam e os meeples de madeira são simples e funcionais.
Em termos gráficos, o visual não é extraordinário – as cores são um bocado fortes criando grandes contrastes visuais e mesmo a capa, apesar de gostar do desenho, possui um rebordo em bordô que não o torna muito atrante. Ainda assim, as cores das peças e a simplicidade dos seus desenhos permite identificá-las facilmente para a concretização dos objectivos.

Experiência de jogo
Robin of Locksley tem o sentimento de uma corrida, obrigando-nos a optimizar a captação de peças para a concretização do maior número de objectivos no menor número de jogadas. A possibilidade de combinar as moedas, pagando para avançar em objectivos específicos ajuda na definição e antecipação de uma boa estratégia de avanço, fazendo com que a progressão consiga trazer algumas surpresas aos jogadores.
Os mecanismos são simples e fáceis de captar. O cavalo é sempre movido em L, captando a peça na qual aterra. Se o(s) próximo(s) objectivo(s) estiverem concretizados o peão avança. Se não tiverem podemos pagar uma moeda. Em qualquer momento, as coleções de um determinado tipo de tesouro podem ser trocadas por moedas.
Robin de Locksley possui alguma diversidade de jogo para jogo. Por um lado, a grelha de peças é colocada ao acaso. Por outro, os objectivos são dispostos, também ao acaso, construindo uma corrida de obstáculos diferente. Existem, ainda, objectivos mais simples e mais complexos, permitindo dar maior diversidade e variar a dificuldade do jogo.
A progressão ao longo dos objectivos recorda um pouco Reykholt de Uwe Rosebenerg, ainda que a forma de os concretizar seja bastante diferente. Ainda assim, a sensação de jogo na forma como se antecipa a progressão consegue ter momentos semelhantes.
Trata-se de um jogo com uma boa dose de interacção. Por um lado, temos de estar atentos às restantes jogadas, tentando prever estratégias e deslocação no trilho de objectivos. Por outro, alguns dos objectivos referem-se às combinações de peças que o adversário detém ou à posição relativa dos cavalos de ambos os jogadores.

Conclusão
Robin of Loksley é um excelente jogo para dois jogadores que demora cerca de meia hora para quem já conhece as regras. É fácil de compreender e de aprender, concretizando-se como uma corrida ao longo dos objectivos. Sendo apenas para dois jogadores, não o temos jogado com outras pessoas, mas é um recorrentemente escolhido para noites de semana.
