
Este volume é um dos mais recentes lançamentos pela Norma. A descrição da história apresenta vários cruzamentos ficcionais entre personalidades históricas e personagens irreais, com elementos de fantasia e horror. O aspecto é curioso o suficiente para me tentar tentado. Já o resultado… é uma mistura de resultado dúbio.



A história
Uma série de crimes hediondos chama a atenção da polícia Londrina que descobre pistas na direcção de duas personalidades: Nicholas Zaroff, um multimilionário russo, e Charles Moreau, um cirurgião. Em seu torno, acabam por se reunir os descendentes de várias personalidades associadas a clássicos de horror, compondo um cenário cientificamente grotesco.
O livro decorre em três partes, levando-nos cada secção a uma época diferente, onde várias personagens relacionadas se cruzam. A história parece repetir-se com variações curiosas, construindo-se, nestas três partes, uma narrativa maior e mais complexa que as partes.



Crítica
Maldito seas tú parte de uma premissa curiosa, usando personalidades reais e personagens fictícias que permitem vários desenvolvimentos. É, portanto, estranho perceber que a força narrativa encontra-se sobretudo numa única personagem, à qual as restantes são atraídas e acabam por responder, a muito custo.
Esta apatia por parte das outras personagens acaba por tornar a narrativa menos interessante do que esperaríamos, dado que parecem ser sempre empurradas pelas circunstâncias que as rodeiam. Não são donas do seu destino e quase parecem de papel, dada a escassez na caracterização ou a reduzida motivação. Diria até que o autor descurou esta parte exactamente por estar a lidar com personagens reconhecidas – e ainda assim, consegue quase retirar-lhes a aura de conhecimento comum associado aos seus nomes.
Então qual serão os pontos interessantes deste livro? Por um lado, o autor faz um exercício interessante ao longo de três épocas, construindo um puzzle e distribuindo as peças ao longo destas três partes. Existe alguma previsibilidade na forma como a narrativa se compõe, mas o autor consegue cruzar alguns detalhes curiosos, usando as histórias mais conhecidas do horror. Por outro, o visual é bastante curioso, sendo, nalgumas páginas excessivamente realista e brilhante, mas conseguindo, ainda assim, produzir algumas páginas espectaculares. Existe, no entanto, uma falta de nitidez constante, que, nalguns momentos, parece trazer uma sombra excessiva.
No final de cada uma das partes podemos encontrar um caderno com informação sobre os autores referidos, a época ou as suas obras.



Conclusão
Maldito seas tú acaba por ser um livro esquecível. Apesar de ter uma estrutura narrativa interessante, falha no desenvolvimento de personagens, o que, em resultado, falhou em me cativar o interesse pelo que acontecia. O visual tem bons momentos, mas algumas páginas possuem uma falta de nitidez que se estranha aos olhos e as tornas difíceis de visualizar.