Entre o capa e o título abriram-se as expectativas de algo ligeiramente cómico, mas também romântico com traços de fantasia. Talvez algo dentro do tão recente género Romantasy (que reúne romance e fantasia), o que seria uma leitura leve, mas talvez divertida. Houve uma parte das expectativas que se concretizou. Mas não todas.

Cassie é uma jovem artista solteira que, entre os vários empregos temporários (nenhum relacionado com a sua formação), tem pouca estabilidade económica. Quando um grande amigo (homossexual e recém casado) encontra um anúncio para um quarto barato numa zona abastada da cidade, Cassie desconfia da oportunidade, mas a necessidade fala mais alto e lá acaba por se candidatar.

Realmente, a oferta parece demasiado boa para ser verdade. O preço inclui todas as despesas e o dono da casa terá um emprego nocturno fazendo com que raramente se cruzem. Parece a combinação perfeita – não fosse esse dono ser visualmente agradável e, apesar de alguns alertas na conversa (rapidamente ignorados) Cassie resolve-se a mudar. Apesar de jovem e bem parecido o dono do apartamento parece ser pouco dado a tecnologias, fazendo com que a maioria da comunicação se dê num tom bastante formal e por carta manuscrita.

O resto é fácil de perceber. Os dois vão-se sentido atraídos um pelo outro, sendo que os episódios em que se encontram e se evitam se vão arrastando por boa parte do livro – até ao momento em que Cassie percebe a natureza do seu companheiro de casa e, ao invés de fugir, resolve percebê-lo melhor.

Depois de conhecer várias narrativas envolvendo vampiros, esta distancia-se bastante. O vampiro não é propriamente um comedor de humanos, mas antes alguém que evita a sua própria natureza, sempre que possível. Ainda que evite a luz, pode andar durante o dia mas o facto de ter dormido durante um século faz com que esteja pouco adaptado à sociedade actual – e, claro, as novas tecnologias não são excepção.

Entre a premissa simples, e a falta de conflitos intensos, esta história acaba por ser bastante banal. Cassie é, efectivamente, uma personagem destrambelhada (como seria de esperar) o que confere uma aura de bom humor, quer nas interacções com o dono da casa, quer com outras personagens que vai encontrando.

Ainda assim, esperaria que a envolvência com vampiros trouxesse mais tensão, o que conferiria algum interesse à narrativa. Pelo meio existe uma vampira ciumenta e um casamento arranjado, mas estes episódios mais mirabolantes que teoricamente seriam os mais intensos, acabam por se tornar mais banais e, até, inverosímeis nas reacções das personagens.

Finalmente, apesar das expectativas simples, diria que este enredo será bastante esquecível. Existem outros livros, dentro do mesmo género (com elementos de fantasia e romance, mais fluídos) que se safam melhor na criação de uma história mais envolvente em que a personagem se envolve com o mau da fita (como Assistente do Vilão, que só me chateou porque a história não fecha neste livro e não haver qualquer indicação na capa ou na sinopse).