Eis uma das mais recentes séries Mangá lançadas pela Devir! Neste caso, surpreendeu pela premissa pouco convencional. A história começa por se centrar numa estrela em ascensão, mas, apesar de todo o aspecto fofinho e cor-de-rosa das capas, seguem-se episódios estranhos – no mínimo.

Ai Hoshino é um ídolo que brilha perante as câmaras. Sem família, é captada por uma empresa de talentos e faz parte de um grupo – mas a mais recente gravidez pode terminar com a sua carreira rapidamente. É por isso que procura um obstetra numa localização mais rural, como forma de manter segredo. A parte estranha começa quando o médico que a acompanha morre assassinado e ressuscita como um dos seus filhos gémeos.

A partir daqui acompanhamos o par de gémeos pródigos, reencarnações que se recordam das vidas anteriores, e que apresentam, neste seguimento, mais maturidade do que é esperado da sua idade. Mas quando Ai é assassinada por um fã, a sua vida muda, claro, ainda que continuem entre estrelas e a desenvolver uma possível carreira artística. Para o obstetra, no entanto, será mais do que isso – uma forma de descobrir quem engravidou Ai, e quem pode estar associado à sua morte.

A história é contada na perspectiva do obstetra, Dr. Goro, agora com o nome Aqua, fascinado com Ai ainda antes de se tornar seu médico. Agora como filho assume uma postura mais protectora, até, vingativa.

Com uma perspectiva pouco usual e contornos negros, a história faz mais do que apresentar o quotidiano de uma estrela pela perspectiva dos filhos. Antes de reencarnar, Aqua é um jovem médico obcecado com as vedetas, existindo algum questionamento quanto à estranheza de vermos homens adultos tão fascinados por raparigas tão jovens.

A narrativa explora ainda a existência efémera das vedetas, que não podem assumir namorados ou filhos, correndo o risco de perder as suas carreiras. Os fãs são obcecados por elas, e a existência de laços afectivos não é bem recebida. Tal é visível, logo no início, quando Ai é assassinada neste seguimento. E, claro, neste caso, vê-se a rapidez com que a indústria se esquece de Ai e passa a focar-se na próxima jovem e promissora estrela.

OSHI NO KO foi uma surpresa – tanto pelo tom mais negro e pouco convencional que se confronta com o aspecto fofinho e cor-de-rosa, como pelo desenvolvimento do par de gémeos que, apesar do aspecto infantil, revela ideias e acções mais maduras. O contexto é, no mínimo, estranho, mas despertou-me curiosidade suficiente para ler mais alguns volumes.