Embora não muito recente, mas ainda deste ano, Coisa Ruim foi um filme portugues que me surpreendeu pela positiva. Após o abdominável Crime do Padre Amaro, tentei manter-me afastada do restante cinema nacional. No entanto, foi com alguma curiosidade que fui ver este filme, devido às referências positivas que escutei.
Normalmente o género “Terror” é caracterizado por cenas típicas do género “rapariga assustada foge, foge e é sempre apanhada” ou “tanto local para me esconder, e vou para o unico beco que existe”. Ou então, assiste-se a cruas cenas chocantes que pretendem impressionar o expectador, e atingem o ponto do ridículo. Resultado – as cenas pouco suspense ou expectativa provocam por serem tão previsíveis. Por estas razões é por mim um género evitado.
Não esperem uma padronização semelhante n’a “Coisa Ruim”, um filme que reflecte a boa gente das beiras, com superstições, mezinhas e muito fervor católico. Mas, e se as superstições tiverem um fundamento? E se uma família lisboeta, que se considera civilizada, começa a ter razões para deixar as limitativas barreiras da racionalidade? Histórias, lendas, realidades escondidas numa aldeia – porque por detrás da vida pacata escondem-se sempre tenebrosos e macabros segredos. Mas, como gente habituada a saber a vida dos vizinhos (porque as paredes são finas) cada um se deixa ficar na sua vida.
Deixando para trás os clássicos, Coisa Ruim encontra-se entre os melhores filmes portugueses que vi, senão o melhor até ao momento, ultrapassando até muitos internacionais filmes de suspense.
Apesar de ter uma fotografia mto interessante e ambientes sonoros de qualidade, o filme deixou-me um gosto amargo na boca.
Não gostei do final…
O filme tem o trabalho de construir um debate interessante (e cada vez mais na ordem do dia)sobre Superstição vs Racionalismo e no final, em vez de se aproveitar dessa dualidade q vai criando, estraga tudo em 50 segundos com senhores possuídos e etcetcetc
Um final em aberto, para cada um poder especular sobre a existencia ou não de um mundo sobrenatural, seria mto mais interessante, em vez de senhores a falarem com vozes estranhas, louça a partir-se em fenómenos “poltergeist” e outras cenas gratuitas só para justficar orçamento para efeitos especiais.
Há muitos outros filmes portugueses de qualidade.Só no último ano lembro-me de dois bastante bons:
Um dos que mais me marcou foi a “Noite Escura”, um retrato verdadeiramente crú da realidade dos bares de alterne e respectivas máfias.
A “Alice” também foi interessante, mostrando duas abordagens diferentes ao drama do desaparecimento de um filho.
Um terceiro, mais na linha da comédia de situação foi o sorte nula, apesar de ter uma cena de nús perfeitamente dispensável e que não adianta nada para a estórieta, e antes pelo contrário, só quebra o ritmo.
Acho que o cinema português continua a sofrer de um estigma pesado, por na maioria dos casos optar por soluções menos interessantes para competir com a grande máquina de Hollywood, tentando impingir cenas de nús com actrizes/actores portugueses (que nunca escapam a um trailer), ou então por fazer filmes dignos de uma elite intelectual com filmes existencialistas e extremamente filosóficos,o que afasta o público mais mainstream.
É o típico caso de “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra” e se eu quiser ver mulheres núas a arfar de prazer, será muito mais prático para mim alugar Porno no videoclube do que o Crime do Padre Amaro…
LOL bem, sim, até posso concordar que o que não se safou tão bem na “Coisa Ruim” foi o final.
(entretanto, Coisa Ruim foi o filme portugues mais visto este ano http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1267607&idCanal=38)
Do Alice ouvi falar muito bem.
Mas lá está – eu não peço mainstream, mas deixei praticamente de ver filmes portugues, por serem pseudo-intelectuais – não têm uma mensagem assim tão obscura, e conseguem ser coisas chatíssimas. Filmes mais alternativos internacionais, não americanos, há aos montes e facilmente me lembro de meia dúzia de que gostei. 😉