De origem austríaca, Marie Antoinette casou com o herdeiro do trono de França para fortalecer uma aliança entre os dois países. Conhecida pelo seu modo de vida excessivo e exuberante, Marie Antoinette tornou-se célebre pela morte na guilhotina aquando da Revolução Francesa; assim como pela resposta “brioches” quando questionada sobre o que comeria o povo, terminado o pão.
Mas é essencialmente da vida protegida e alienada que este filme retrata, em que se poderá estabelecer um paralelismo entre a falta de senso da rainha com a de algumas pessoas da actualidade. Uma crítica social? Provavelmente. Se anteriormente eram os nobres os detentores de tal riqueza, ostentação e exuberância, por agora as semelhanças abundam com personagens mediáticas.
O filme não se restringe à ostentação da rainha, pairando sobre o seu estranho relacionamento com o rei – dois jovens desajeitados que não se acertam; deixando descair uma mirada sobre outras ligações sentimentais; e inclinando-se satiricamente sobre os pormenores da rotina diária que se alongam eternamente no protocolo francês complicado e ridículo.
O resultado, embora interessante, consegue deixar no espectador a sensação de se alongar demasiado – o que não é o caso, o filme tem a duração normal. A paisagem é um dos pontos fortes, a cenas são interessantes – mas o total não me agradou completamente. Diria que falta algo, embora não consiga descortinar o quê.
Pequena nota – a meio é visível um actual par de ténis – esquecido ou propositado? não sei. A imagem é demasiado rápida e nem todos conseguem dar por ela.
É propositado, como tantos outros anacronismos no filme. Os bailes da época, por exemplo, dificilmente seriam ao som de Siouxsie and the Banshes.
eheh LOL sim, essa parte da banda sonora nem pensei que não fosse propositada! lol 🙂
🙂
Mas no geral achei o filme enfadonho. Aliás, tenho a impressão de que de x em x anos a Sofia se lembra de fazer o mesmo filme, alterando-lhe as roupagens. Quem viu Lost In Translation não precisava de ver Marie Antoinette. O ócio das virgens suicidas também transitou para este filme…
Esteticamente é agradável. Em quase tudo o resto é o vácuo completo, especialmente no que respeita às personagens, que se limitam a agir. O que as motiva, o que as norteia, não fui capaz de perceber. Agem, e pronto.
Excetuando-se alguns microfones aparentes em algumas tomadas (neste caso, acho que foi erro mesmo), trata-se de um excelente filme de forte crítica social. A ociosidade, o vazio, a frivolidade são propositais. O que motiva os personagens? O mesmo que ainda motiva muitas pessoas na sociedade atual: status, poder, dinheiro, aparência, luxo, conforto. É interessante notar a revolta de alguns expectadores com o filme. Seria porque até hoje o “povo” ainda “elege” seus “monarcas” para viverem a “vida de sonhos” de um “conto de fadas” por eles? Tratá-los como uma porcelana carissíma e delicada apenas para seu próprio prazer e deleite? Alimentar suas intrigas e amores? O mundo está cheio de celebridades nos provando que ainda adoramos odiar e amar nossas Marias Antonietas.