A nova professora de arte, Sheba Hart, é o sonho de qualquer rapaz adolescente – elegante, loira, atraente e tão branda que não consegue controlar os alunos e acaba por se tornar a razão de algumas brigas.
De tal personagem espera-se uma vivência idílica – marido jovem de carreira promissora, família típica, imagem de perfeição reveladora de um estatuto elevado. Mas a realidade é bem diferente – casada com um homem muito mais velho, cuida do filho com Sindroma de Down e acompanha a filha em auge da adolescência. Adulto responsável, Sheba Hart, abdicou dos últimos 10 anos de vida para cuidar do filho, e sente-se agora na necessidade de cometer actos irresponsáveis ou mesmo escandalosos, o que a leva a manter uma relação extra-conjugal com um dos seus alunos de 15 anos.
Barbara, por sua vez, lecciona na mesma escola – professora antiga, pouco amada pelos alunos mas que consegue impor respeito, personificando a imagem de tradição e de reverência numa escola moderna em que os novos tempos se fazem sentir. Aproxima-se de Sheba como colega, mas ao se deparar com a realidade familiar desta, decide-se a estreitar a amizade entre elas. Descobre a relação escandalosa e aproveita o segredo para egoisticamente se fazer aceitar no quotidiano de Sheba.
A história é-nos narrada por Barbara, através do diário que escreve todos os dias, onde revela não só os seus sentimentos, pensamentos ou segredos, mas também as suas intenções corrompidas pelo interesse, reflexo de uma mente tortuosa e manipuladora.
Embora de contornos diferentes, a história principal desenrola-se de modo esperado. O drama acentua-se até o climax, momento que conseguiu, para mim, quebrar o espírito do filme, e tornar banal a tragédia. Talvez devido ao centralismo nas duas personagens, talvez pela divisão das revelações por vários momentos, o filme não me conseguiu agradar totalmente, ficando apenas retido o desempenho das duas actrizes principais Judi Dench e Cate Blanchett.
Esperava melhor…