A primeira parte do livro de Brian Evenson tinha sido já publicado, sob outro nome, em 2003 – The Brotherhood of Mutilation. Neste retrata-se como Kline, um detective, perde a mão e a cauteriza a sangue frio, num jogo de vida ou morte.
Involuntariamente, o cenário da amputação fá-lo candidato de um culto cómico e tenebroso, que se rege pelo lema “Less is More”. Segundo este lema, a extracção de partes do corpo aproximaria os homens do divino.
Coagido a resolver um crime neste culto de amputados, vê-se obrigado a descartar algumas partes do seu corpo em troca de pistas vagas, e conversas vãs com os membros mais puros da seita (e por isso com menos corpo).
Escassas descobertas e alguns dedos depois, Kline duvida que tenha sequer existido um assassinato e talvez tudo não passe de um roubo, um logro ou até de uma armadilha. Seguem-se vários cenários de violência fria e de demonstração das aberrantes amputações, que atingem o ponto alto quando Kline resolve fugir – para se deparar com uma outra seita, em que todos se chamam Paul. Assim se inicia a segunda parte do livro.
Entre a inevitabilidade das amputações e o labirinto de pistas risíveis surge o horror surreal sob um olhar inumano, que nos faz presenciar toda a acção sem pestanejar e considerar com normalidade o queimar de um coto, logo após o retirar de um dedo.
O horror em Last Days não é psicológico, mas está presente na descrição das acções friamente cometidas, lembrando alguns filmes de Tarantino ou alguns comics mais violentos, em que o sangue é uma constante banal.
Last Days, terá sido o livro que impulsionou Victoria Blake a deixar a Dark Horse e a fundar a sua própria editora, a Underland Press. Encontram-se disponíveis excertos da obra, assim como entrevistas do autor em vários sites (Of Blog of the Fallen, Graeme’s Fantasy Book Review).