To Say Nothing of The Dog foi um dos livros escolhidos pelo SciFi and Fantasy Book Club para as leituras do mês de Maio. Decidi acompanhar. Esta é uma história com uma premissa peculiar – uma novela de ficção científica, com toques de ridículo que decorre fundamentalmente na época vitoriana.

Ned Henry é um historiador do ano 2057 de Oxford que, com os seus colegas, viaja no tempo com o objectivo de conhecer o passado. Devido à falta de fundos, os historiadores são recrutados pela mecenas, Lady Schrapnell, para procurar um objecto que terá mudado a vida de uma ascendente distante, Tocelyn Mering (Tossie).

Após vários saltos no tempo em busca do singular objecto, Ned Henry começa a sofrer de time lag, a patologia de quem realiza várias viagens temporais em curto período. Para conseguir descansar Ned terá de fugir de Lady Schrapnell e nada melhor do que uma viagem à época vitoriana. Cansado, alucinado e com dificuldades em discernir o que o rodeia, Ned não foi preparado para a época onde se encontra.

Após uma curta viagem de comboio Ned empreende com Terence e o seu cão, uma viagem pelo rio Tamisa, onde se fazem várias analogias ao livro de Jerome K. Jerome, Three Men in a Boat, To Say Nothing of the Dog. Ao viajar de barco, Ned afasta Terence do primeiro encontro com a sua futura esposa e aproxima-o de Tossie, uma jovem inteligente e bela mas fútil. Esta encontra-se acompanhada pela chaperone Verity Kindle, uma outra historiadora, colega de Ned, que procura o diário da jovem e que terá causado uma incongruência espaço-temporal ao levar o gato branco de Tossie para o futuro.

A história centra-se na demanda de Ned e Verity restabeler o fluxo de acontecimentos original, e em conseguir descobrir o paradeiro do objecto que terá mudado a vida de Tossie. Durante o livro exploram-se algumas das mais recentes teorias da Física em torno das viagens no tempo e da teoria caótica – nunca se sabe que acontecimento ou objecto poderá influenciar o futuro.

Ainda assim, o tom não é sério: Terence é um desastrado inconsequentemente que constitue, com o seu cão Cyril o cerne cómico da história; Ned atordoado pelo time lag apaixona-se por Verity; e Tossie é uma jovem mimada e oca, cuja mãe vive atormentada pelos fantasmas que poderão habitar a casa, e cujo pai colecciona peixes raros que frequentemente terminam no estômago do gato de Tossie, Princess Arjumand.

Este é um livro de cerca de 500 páginas e de leitura pausada – a história decorre numa época sem pressas onde as conversas se alongam circundando o objectivo, e as jovens são educadas para permanecerem felizes e ignorantes. Existe uma diferença brusca entre a acção que decorre no ano de 2057 e a época vitoriana, tanto em tom como em velocidade.

Ainda que tenha gostado do livro, achei que alguns capítulos, como as da viagem de barco, se alongaram desnecessariamente, o que me terá quase feito largar a história a meio – mas é no meio que após a colocação das peças a história se torna mais interessante.

Nomeado para o prémio Nebula, To Say Nothing of the Dog ganhou os prémios Locus e Hugo. Para os interessados, existem algumas  histórias de Connie Willis disponíveis para leitura: