Chris Roberson é o co-fundador da editora MonkeyBrain Books, especializada em non-fiction. Para além de editor é também escritor, tendo sido nomeado para os World Fantasy Award em três categorias distintidas – escrita, publicação e edição.

As suas obras enquadram-se frequentemente no género da História alternativa e The Voyage of Night Shining White não é excepção.  Num mundo onde o Império Chinês se expandiu por todos os continentes e apenas o império Inca é autónomo, iniciam-se as viagens espaciais em naves isoladas por cerâmica, em busca de novos territórios e de explorar os recursos minerais disponíveis em Marte.

Zheng Yi, eunuco, é o capitão da nave menos importante da frota, Night Shining White. Embora dispensável, esta nave transporta água para abastecer as restantes, devendo retornar à Terra com as primeiras amostras de terra e minerais – será a última a partir da Terra, e a primeira a regressar. Zheng Yi não tem qualquer experiência em viagens espaciais ou em naves. Na verdade, até há bem pouco tempo, tinha como papel na corte gerir os músicos que divertiam as mulheres do imperador, e sente-se inseguro como líder. Felizmente, a bordo da nave estabelece uma forte amizade com o médico que, tal como Zheng é eunuco e músico.

Numa sociedade de liberdade castrada pela etiqueta, o relacionamento de Zheng com os restantes tripulantes é dificultado pela manutenção de uma imagem de autoridade divinizada. Tal é notório na comunicação entre peritos de engenharia, mesmo quando se torna necessário resolver um grave problema nos motores da nave – existe uma fuga de energia radioactiva que ameça a vida de todos a bordo.

História curta com 70 páginas, possui bons momentos de reflexão, proporcionados pelos dois músicos eunucos (médico e capitão). O desenrolar da crise que se instaura a bordo como resultado do mau funcionamento dos motores é interessante, mas mais interessante seria desenvolver as possibilidades do mundo alternativo referido por Chris Roberson – um mundo tecnologicamente avançado, regido pelas antigas leis imperiais, onde o Imperador era Deus e a honra de o servir era mais importante do que a própria família. Ainda assim é uma noveleta engraçada, de leitura aconselhável mais pela originalidade, do que pela história em si.