brave new worlds

Neste conto de premissa bastante comum a vigilância impera e inibe os cidadãos em todas as suas vertentes. A associação entre o poder económico e político é tão forte que os empregados são obrigados a votar de acordo com o interesse das empresas para as quais trabalham, e qualquer perturbação de um empregado é percepcionada como uma mancha na empresa para a qual trabalha.

O que se consideram por perturbações é que é quase ilimitado. Não estamos a falar de revolta ou de greves e manifestações políticas, antes qualquer alteração no ritmo de vida (ou de sono) de uma pessoa: quantas horas dorme ou o que pensa. A simples manifestação de interesse em qualquer coisa fora do ritmo normal é percepcionada como coerciva – como a leitura de um mail de spam.

Farasha tem imenso cuidado para não manifestar qualquer divergência, escondendo a insónia e os pesadelos ao permanecer deitada e quieta entre os lençóis, apesar de estar acordada horas antes de tocar o despertador. O dia-a-dia é bastante rotineiro e cronometrado, e não fossem os pesadelos e talvez fosse considerada normal. Mas um dia cede à tentação de abrir um mail de spam, e basta este pequeno descuido para se ver desempregada e desamparada.