Eis um dos grandes lançamentos de Magá da Devir! Com vários prémios de renome para o género, é uma das séries Mangá com mais vendas desde sempre e a série Anime a que deu origem é, também, uma das mais conceituadas. Depois de lançadas várias séries em torno de monstros e respectivos caçadores (ou guerreiros, ou outro nome qualquer equivalente) esta série, apesar do nome, não apresenta criaturas monstruosas. O monstro é, afinal, um ser humano horrível.
A série centra-se num médico japonês, Kenzo Tenma, que faz carreira num hospital alemão. A sua genialidade dá-lhe destaque junto das altas chefias, mas o foco de Kenzo não está na política, antes no bem estar dos seus doentes. Este foco irá causar-lhe dissabores, quando atende uma criança sem relevância política, antes de uma figura pública.



Em paralelo, ao longo de vários anos, casais são chacinados em suas casas, sem que se encontrem pistas sobre quem perpetuou o crime ou como. A investigação destes casos há-de voltar-se para o hospital quando, a criança operada por Kenzo é uma das duas sobreviventes de um caso destes. A outra sobrevivente é a irmã gémea que perdeu a memória e se encontra incapaz de falar.
Um dos aspectos mais interessantes desta narrativa é a personagem principal. Médico dedicado e bastante focado na ética das suas decisões, contrasta com alguns dos seus colegas que, para além de profissionalmente incompetentes, revelam uma mentalidade tacanha, oportunista e duvidosa. Kenzo esforça-se pela sobrevivência e bem estar dos seus doentes – mas quando as pessoas que punham em risco a sua carreira falecem envenenados, é impossível não questionar se existirá um lado Mr. Hyde em Kenzo.



Parece ser esta, também, a linha pensamento do investigador policial que se tinha encarregado da mortes dos vários casais e que agora se debruça sobre vários outros cadáveres no hospital – principalmente quando, anos depois, há novas mortes que parecem relacionar os dois casos.
Entre as mortes e a postura do médico, a narrativa é intrigante e misteriosa, apresentando os mistérios que circundam as personagens. Para além disso, as personalidades contrastam com a do médico, no sentido em que quase todas as personagens são interesseiras, corruptas ou corrosivas.



A narrativa apresenta momentos mais pausados e mais movimentados, ainda que a tensão se acumule. Percebemos que existe um assassino e, até, podemos desconfiar de quem se trata, mas até acontecer alguma coisa ou termos provas mais concretas, o mistério adensa-se. A acção é pontuada ao estritamente necessário e a narrativa prossegue apresentando mais elementos que irão, pouco a pouco, desvendar algo mais negro do que a nossa expectativa.
Este primeiro volume de Monster convenceu-me e irei, decerto, ler os próximos. A história é misteriosa e apresenta interacções interessantes, enquanto nos leva a descobrir a origem do assassino, criando empatia para com as personagens e tornando-se envolvente e cativante.
