Cuentan que hace mucho, mucho tiempo en el reino subterráneo, donde no existe la mentira ni el dolor, vivía una princesa que soñaba con el mundo de los humanos

… assim nos é introduzido o Mundo imaginário d’ El Laberinto del Fauno, caracterizado tanto por uma surpreendente e misteriosa beleza como por um ambiente mítico que oscila entre a sedução e a repelência.

Orfã de pai, Ofelia viaja com a mãe, grávida, para a zona rural onde reside temporariamente o padrasto,um general espanhol que luta contra os poucos rebeldes que ousam ainda revoltar-se após a Guerra Civil Espanhola. Sob a capa da civilização, é um homem bruto e cruel. O local onde habitam é o centro de operações do exército, e a floresta que os rodeia esconde um labirinto antigo, impulsionador da fantasia na cabeça de Ofelia, já povoada pelas fadas dos contos. No labirinto, conhece um fauno que lhe revela a existência de um mundo subterraneo onde será princesa, se conseguir passar as provas que lhe são destinadas.

Na sanguinária e desumana realidade que habita, o mundo subterraneo revela-se como uma escapatória promissora – começar uma nova vida e permanecer criança. Mas se a vivência é dolorosa, o modo como se apresenta a alternativa é também assustador e medonho, escondendo provas horripilantes, tão maldosas como o mundo que a rodeia.

Embora a fantasia esteja sempre presente ao longo da história, não é um filme inocente ou puro que se destine a crianças; e ainda que não supere a maldade do real, o mundo criado não se apresenta como inofensivo.

Adorei não só o aspecto gráfico como o ambiente criado pela língua espanhola – fiquei fascinada pelos contrastes. O final, esse, compôs a história tornando-a completa, bela de um modo estranho. Fiquei com vontade de repetir a experiência e considero a possibilidade de o voltar a ver no cinema nos próximos dias, o que é muito raro em mim.