Flashforward, da autoria de Robert J. Sawyer, foi o livro que inspirou a série televisiva com o mesmo nome, possuindo, em comum, o acontecimento que terá transtornado a humanidade. Publicado originalmente em inglês em 1999, conta uma história que ocorre no ano de 2009.

Com o objectivo de criar o Bosão de Higgs no Grande Colisionador de Hadrões (CERN –  European Organization for Nuclear Research), um grupo de físicos reúne-se na sala de comandos e inicia a contagem decrescente. Quando chega o momento nada acontece. Ou melhor, os físicos levantam-se do chão onde terão caído após perderem a consciência. Durante o minuto e quarenta e três segundos que permaneceram inconsciente sonharam estranhos episódios de si mesmos, noutros lugares.

É com surpresa que verificam que o bosão não foi gerado, mas que, no mundo inteiro, todos os seres humanos perderam a consciência durante o decorrer da experiência, o que originou uma série de acidentes. Sem o controlo humano, aviões despenharam-se e automóveis colidiram. Algumas pessoas encontravam-se no cimo de escadas ou dentro de água, tendo falecido ao desmaiarem. Mas mais estranho do que o desmaio colectivo, foram os sonhos retratados, que se conclui serem antes visões do futuro, no ano de 2030. Mas será este um futuro certo e imutável, ou apenas a visão de um rumo possível?

Lloyd Simcoe é um dos cientistas responsáveis pela experiência, incapaz de explicar o resultado inesperado, mas abalado pelo vislumbre de si mesmo, no qual se encontra com uma mulher que não conhece, que não, com certeza, a mulher com quem planeia casar, Michiko. Durante o flashforward a filha de Michiko terá falecido num acidente, e Lloyd evita partilhar o seu sonho.

Mas Lloyd não é o único abalado pelo significado do sonho futuro. Theo Procopides não sonhou enquanto esteve inconsciente o que significa que poderá estar morto em 2030, facto confirmado por algumas pessoas que dizem ter vislumbrado, no futuro, uma notícia sobre o seu assassinato. Theo dedica-se a partir daí a reunir pistas sobre quem terá razões para o matar, de forma a arranjar forma de o evitar.

Interessante pelas teorias da Física que explora, Flashforward debruça-se também sobre as pessoas e a forma como estas reagem ao evento: algumas deixam-se levar pela inevitabilidade do futuro, outras fazem tudo para mudar o curso dos acontecimentos. Sem passagens aborrecidas, Flashforward é um livro totalmente enquadrado no género de ficção científica que explica logicamente os acontecimentos, sem se esquecer da componente humana, ao desenvolver várias histórias paralelas, algumas trágicas, outras cómicas, que advém da experiência.