Mestre é o segundo volume de O Mago, de Raymond E. Feist, também publicado pela Saída de Emergência. No primeiro, Aprendiz, acompanhamos duas crianças, Pug e Tomas, nas suas aventuras juvenis, até ao início da guerra: Pug é feito prisioneiro pelos conquistadores de um outro mundo e Tomas encontra artefactos dos deuses que o irão transformar.

Inteligente, Pug é retirado do corte de árvores por um nobre, com o objectivo de integrar um plano secreto. No decorrer deste plano um dos Magos descobre os poderes mágicos de Pug e reclama-o para o Conselho dos Mágicos, onde irá desenvolver as suas capacidades sob um treino adequado. Sem memórias da vida antes do treino, ultrapassa todos os níveis até se tornar num Manto Negro.

Simultaneamente, Tomas torna-se um imponente guerreiro, graças às capacidades mágicas do escudo e da espada dos Antigos que terá encontrado. Mas com estas armas não vêm só um espírito aguerrido, mas também uma mente poderosa que o tenta controlar. Desta forma, Tomas é atormentado pelas visões de batalhas anteriores, e transforma-se, por vezes, no Antigo.

A batalha entre os dois Mundos atinge um impasse: em Midkemia começam a esgotar-se os recursos, e os exércitos mantém as mesmas posições, sem grandes avanços ou recuos; em Kelewan a guerra sem fim diminui o poder político do senhor da guerra, num jogo de poderes entre os clãs.

Ainda que Pug tenha nascido em Midkemia, o treino mágico em Kelewan tornou-o fiel ao Império, donde se vê exilado quando as suas ideias ameaçam gerar uma revolução. De retorno a Midkemia, tenta que seja assinado um tratado de paz entre os dois Mundos.

Se no primeiro volume acompanhamos duas crianças à descoberta do mundo, e por isso o tom consegue ser mais alegre apesar de todos os acontecimentos, em Mestre a perspectiva é mais séria e melancólica, mostrando a concretização dos sonhos de criança, mas nem sempre de um forma feliz. Ainda que engraçado, esta mudança de tom diminui o espírito aventureiro presente em Aprendiz.

Mais sombrio e introspectivo, em Mestre, é-nos apresentado um mundo menos inocente, onde há lugar para a traição, a injustiça e a morte: Feist não poupa as personagens que criou e estas vão sofrendo transformações profundas com o decorrer da história.

Talvez devido à mudança de tom, ou devido ao afastamento das personagens, preferi o primeiro volume, ainda que continue a ser uma história fantástica de tom engraçado,  que se lê fácil e rapidamente.