Future Classics ou Terror 8 são apenas duas das colecções temáticas de 8 volumes lançadas pela Gollancz, com capas semelhantes. Se na primeira a editora reuniu 8 obras que considerou poderem tornar-se 8 clássicos de ficção científica, e na segunda, 8 histórias de terror, na colecção Space Opera, reunem-se 8 livros representativos deste sub-género da ficção científica: Eon, The Centauri Device, Century Rain, Eternal Light, Ilium, Last and First Men, Rendezvous with Rama, Ringworld, Stone e Tau zero.
Greg Bear, o autor de Eon, escreveu também Blood Music, um dos poucos livros de ficção científica onde se podem encontrar termos de laboratório, com genética e microbiologia à mistura. Ainda que, no final, a história se tenha tornado demasiado surreal, adorei. Escritos no mesmo ano, se em Blood Music não tinha reparado a época em que tinha sido escrito, tal já não escapa em Eon.
Um dos perigos nas histórias que decorrem num futuro próximo, e de se poderem tornar, em pouco tempo, obsoletas, migrando para o género da história alternativa. Eon é datado, debruçando-se sobre as piores consequências possíveis da Guerra Fria, uma Guerra Mundial em larga escala que deixa o planeta num Inverno prolongado. Este foi o destino do planeta Terra de onde é oriundo A Pedra, um enorme asteróide que foi transformado pelos seres humanos graças a um elevado nível tecnológico ainda não atingido no Universo onde decorre a história.
Neste Universo A Pedra é observada anos antes de se aproximar da Terra, onde os seres humanos se preparam para um possível embate. Quando se descobre que será um corpo oco, preparam-se para um encontro com alienígenas, mas nada os prepara para encontrar uma cidade deserta construída por seres humanos vários séculos antes. Com o objectivo de perceber a origem da Pedra, um grupo de cientistas, coordenado pelos militares, instala-se.
Patricia é uma das escolhidas, uma jovem cientista física teórica, cujos artigos científicos exploram possibilidades demasiado abstractas para a maioria dos seus pares. Quando é destacada para a viagem espacial, despede-se da família e do namorado. Na Pedra descobre um ambiente de secretismo implementado pelos militares: o sistema de acessos é rigoroso e poucos são os que podem movimentar-se livremente nas instalações abandonas.
Patricia é das que possui um dos mais elevados acessos, e é na biblioteca, um edifício estranho na cidade de fantasmas, que encontra o que mais a irá surpreender: livros. Não apenas livros escritos, nos dois universos, anos antes, mas também livros de História que descrevem acontecimentos cronologicamente posteriores no universo paralelo.
O mundo futurista que temos oportunidade de vislumbrar é prometedor e, para além de Patricia (que se apresenta demasiado ingénua), existem outras personagens interessantes que vamos acompanhando ao longo da história. Após a leitura ficou-me a sensação de uma boa história que terá perdido o seu impacto devido a dois factores: o ser demasiado extensa e o centrar-se demasiado na Guerra Fria.

