A terceira história da edição gratuita da Lightspeed (Agosto de 2012) é uma história carregada de momentos confusos que não me pareceram propositados. Nesta pequena história um espécime de uma casta elevada na hierarquia da nave (um piloto) apaixona-se por Mab, um espécime de uma casta baixa, um género de criado responsável pelas limpezes domésticas, ainda que não se envolva com as canalizações.
A bordo da nave as várias castas garantem todas as tarefas, por ordem de importância. Ainda que sejam hermafroditas, assumem um só género nos seus relacionamentos, consoante o papel no relacionamento: dominante ou dominado. Normalmente a sexualidade é mantida entre elementos da mesma casta ou de castas próximas, sendo raro existirem relacionamentos oficiais entre indivíduos de castas hierarquicamente muito afastadas.
Dado o afastamento das castas do piloto e de Mab, as intenções sérias do piloto espalham-se pela nave com expectativa. Mab, que não corresponde ao sentimento, sente-se encurralado: se por um lado não procura nem a fama nem a adoração do piloto, afastar-se do relacionamento pode trazer pesadas consequências sociais, mesmo entre os elementos da própria casta. O piloto, por sua vez, mostra-se simultaneamente passivo, nos diálogos que tem com Mab, e matreiro, pela forma como torna os seus afectos públicos, deixando Mab sem alternativas.
A história é narrada por Mab que, tendo pouca cultura, narra no seu próprio dialecto atabalhoado e de gramática trémula. Mas não é esta narração que confere os momentos confusos à história, antes o pouco óbvio fio condutor da história. Ainda, paralelamente ao jogo de sedução (ou perseguição), vamos conhecendo o objectivo da nave e dos que nela viajam, mas ainda que tal explique alguns comportamentos, torna outros incoerentes.
Comentários a outras histórias da mesma revista e edição:
A Separate War – Joe Haldeman
The Bookmaking Habits of Select Species – Ken Liu
