brave new worlds

Ainda que a maioria dos contos apresentados nesta compilação sejam uma reinterpretação do nosso mundo, uma transfiguração caracterizada pelo exacerbar da vigilância num mundo bastante tecnológico, este conto (ou novela, não contei as palavras, mas é bastante longo) distingue-se por apresentar um mundo de tecnologia diminuta, em que os seres humanos têm de produzir o suficiente para alimentarem os elementos do seu próprio grupo, mas não podem produzir mais do que a quota, para não se explorar em demasia a natureza.

Marie é a chefe de um destes grupos, responsável por um barco pesqueiro com uma tripulação de elementos pouco adaptados à restante sociedade, mas bastante dedicados. Conseguem sempre atingir os valores estipulados. Mas nem assim escapam às coimas do fiscal que manipula as balanças para os prejudicar, e Marie, marcada pelas circunstâncias do seu nascimento, não se opõe convenientemente.

Que circunstâncias serão estas? Bem, rapidamente nos apercebemos que não são só os recursos que são controlados – também os nascimentos. Para que nasça um novo ser deve haver autorização expressa. Ou então, tira-se o chip de controlo, como fez a mãe que Marie nunca conheceu, condenando-a a uma vida de isolamento familiar.

Lançado primeiro na Lightspeed Magazine, esta é uma história melancólica e interessante, que nos apresenta um mundo que facilmente poderia ter originado histórias maiores. E, no final, foi essa a expectativa. Não que esta história não possa ser apresentada sozinha, mas porque parece ter ideias interessantes que gostaria de ver exploradas.