Entre os mitos fantásticos tornados realidade e a inteligência artificial, este é o primeiro volume de uma série de Warren Ellis que revela apenas alguns dos seus elementos base para este Universo ligeiramente futurista e sobrecarregado em fenómenos sobre naturais (serão mesmo?) originados por uma consciência cuja origem apenas suspeitamos.
Nos interstícios da realidade encontramos bolsas em que os mais assustadores mitos se materializam – e para as quais são chamados agentes especiais para as domarem, ainda que nem sempre com o efeito desejado. Estas bolsas de realidade apresentam elementos fantásticos tradicionais de cultura irlandesa / celta, tornando alguns seres humanos cativos – escapar é só para alguns, os mais sagazes que são capazes de reunir e interpretar algumas pistas difíceis.
Contada de forma pouco linear, intercalando linhas temporais diferentes e várias perspectivas, Injection consegue cruzar elementos fantásticos com horror e ficção científica, resultando num assustador pesadelo onde se apresentam questões interessantes – porque seria uma inteligência criada minimamente semelhante à inteligência humana? Porque teria alguma ideia semelhante da realidade ou do que é justo e correcto? Será que teria algum interesse pela humanidade e pela estabilidade da realidade? Ou seria aparentemente louca e homicida?
Claro que, ao colocar estas questões o enredo abdica de algum do seu mistério e apresenta algumas pistas para entendermos a premissa – ainda assim, muito falta desvendar. Porquê esta obsessão óbvia pelo folclore celta e quais os motivos para que as várias personagens ajam de determinada forma? Decerto serão estes elementos que o autor irá explorar nos próximos volumes, numa série que promete distinguir-se do que tem sido feito em mundos fantásticos na banda desenhada.