
A Levoir anunciou o lançamento de novas Novelas Gráficas! E foi neste seguimento que me recordei de ainda ter algumas por ler, como este Acender uma Fogueira de Chabouté, inspirado numa história de Jack London. Confesso que Jack London não é dos meus autores favoritos e daí ter deixado este volume para depois.
Acender uma Fogueira leva-nos ao inóspito território do Canadá, para onde vários homens migraram, na sequência de se ter descoberto ouro, no final do século XIX. As condições de acesso ao território são péssimas. As temperaturas são baixas. A civilização é praticamente inexistente.



É neste território que vamos encontrar um homem que se aventura com temperaturas abaixo dos -60ºC, acompanhado apenas pelo seu cão. Alertado, por outras pessoas, que neste tipo de condições não se deve viajar sozinho, este homem julga-se superior a esses receios e caminha com firmeza, tentando evitar os perigos – um riacho coberto pela neve que lhe poderá molhar os pés, por exemplo. De forma a sobreviver neste caminhada, o homem vai parando e acendendo uma fogueira.
O volume começa com uma introdução de Pedro Bouça, à qual se segue um pequeno texto introdutório explicando as condições em que este homem se encontra naquele local. A partir daqui, seguimos a viagem, com o mínimo de palavras – o homem não fala e as palavras que vamos lendo são os seus próprios pensamentos.



A paisagem é deserta, reflectida aqui por paisagens brancas, cortadas pelos ocasionais pinheiros. O foco dos quadrados, quando não nos mostra a paisagem, está no homem, focando-se na progressão do seu estado e nas feições, cada vez mais carregadas, que vão perdendo a ligeireza inicial.
Desconheço a obra original, mas Acender uma Fogueira é uma adaptação que nos faz reflectir sobre a condição humana, transmitindo com eficácia a mudança de perspectiva do homem – muda também a aura da história que nos transmite aflição e, depois, pânico. Independentemente da opinião sobre Jack London, Acender uma Fogueira é uma banda desenhada que aconselho, sobretudo para aqueles que procuram obras mais introspectivas.

