
Eis mais uma banda desenhada destinada para um público jovem que se centra em videojogos. Comparo-a à recentemente lançada Good Game!. Neste caso, Let’s Play é uma série e não um volume isolado, sendo mais uma banda desenhada de young adult.
A história centra-se numa criadora de videojogos, Sam, que é, também, a herdeira de uma grande empresa, na qual exerce uma actividade profissional. Sam pretende optar por uma carreira nos videojogos e é isso que espera alcançar com o lançamento do seu primeiro jogo, disponível gratuitamente. Mas quando este jogo é arrasado pela crítica de um youtuber, Sam vê o seu perfil ser arrastado para a lama pelos seguidores do canal.



Coincidência das coincidências, o seu novo vizinho não podia deixar de ser outro que não o tal youtuber. Sam está, claro, de pé atrás. Não sendo uma pessoa confrontacional, evita-o, mas o tal vizinho, Marshall é um cavalheiro, simpático e prestável que não percebe as reacções se Sam.
Este primeiro volume de Let’s Play apresenta uma história ligeira, destinada a um público jovem, mas com traços de humor que a fazem ser curiosa. Sam é introvertida e pouco nada a namoricos, mas assertiva e confiante quando necessário. Marshall é mais autoconsciente, uma pessoa dada e amistosa.
Para além de explorar os encontros e desencontros dos dois, a narrativa apresenta Sam no local de trabalho, onde a dinâmica é curiosa. Ainda que tenha uma trabalho que hierarquicamente é baixo, Sam é a herdeira da empresa e alguns empregados são excessivamente conscientes desse facto.



A narrativa apresenta algumas referências geek, quer nos nomes, quer nalguns detalhes que rodeiam as personagens (como jogos de D&D). A história é leve, apresentando os pequenos dramas das personagens, mas rodeando-os de episódios mais ligeiros e divertidos que tornam a progressão suave.
Para além de Sam e Marshall, a história vai apresentando outras personagens, e caracterizando-as q.b.. Os colegas de trabalho são caricatos, bem como alguns amigos ou conhecidos. O trabalho de desenvolvimento de personagens é razoável fazendo com que nos interessemos por elas.



Em termos de edição e planeamento de página (algo que nem sempre comento), destaca-se que a página apresenta uma dimensão muito reduzida. As letras são, por vezes, diminutas e difíceis de ler. Já os quadrados apresentam um espaçamento entre eles maior do que é habitual – quando o fundo é todo branco, o resultado não é esteticamente muito agradável.
Este primeiro volume de Let’s Play introduz uma série engraçada, com os seus dramas, mas suficientemente balanceados para se tornar de leitura agradável e fluída. Os desenhos não são fabulosos, transmitindo o necessário, e ajudando nos momentos mais caricatos para a aura cómica. Os ponto menos agradáveis foram, para mim, o planeamento de página e a letra diminuta.