Daqui a pouco o blogue quase parece o meu confessionário (e se calhar é), mas em tom de confidência (e se calhar de pouca surpresa) tenho a murmurar que o primeiro volume de Fatale não me fascinou. Não foi por acaso que não me alonguei no comentário. Não desgostei, mas não senti aquele interesse imediato que algumas séries me despertam logo, se calhar para esmorecerem nos volumes seguintes.
No caso de Fatale, é o caso contrário. O primeiro volume estava carregado de mistério, acção e elementos sobrenaturais, mas revelava muito pouco sobre o que rodeava tanta violência aparentemente desnecessária. O segundo volume apresenta um início calmo mas ameaçador, uma combinação que vai ganhando tensão até ao episódio, esperado de libertação desastrosa. E funcionou.
A influência lovecraftiana parece adensar-se – monstros hipnóticos, seitas carregadas de inocentes facilmente influenciáveis, e uma mulher fatal, catalizadora de desgraças, perseguida e perseguidora, que vai alternando entre presa e predadora numa combinação perigosa para os que dela se aproximam.
No decorrer da história percebemos que esta mulher, de poderes sobrenaturais, terá um papel bastante importante a desempenhar para o culto de intuito sombrio, tendo optado durante uns tempos por se esconder. Imã de desgraças, apesar de viver isoladas numa mansão, é com ela que acaba por ir ter um casal relacionado ao culto, em busca de refúgio – aparentes coincidências que permitirão criar toda a suspeita e tensão, necessárias para revelar o bom carácter da mulher, definindo rapidamente os dois lados moralmente opostos do conflito.
Após este segundo volume movimentado, capaz de responder a algumas questões, mas ainda assim de adensar o mistério colocando novas, tive de pegar no terceiro que continua com a mesma fórmula: acompanhamos uma mulher prodígio num outro tempo que vai sofrendo dos mesmos problemas. Capaz de manipular a vontade dos homens, vai atraindo morte e dor aos que a rodeiam, optando diversas vezes pela solidão, apesar da tendência, que persiste, em ser protegida e seguida por algum homem.
De aspecto sombrio, até soturno, é uma série que vai ganhando interesse a cada volume, revelando lentamente alguns dados que nos permitem começar a perceber o que se esconde por detrás dos episódios violentos e do fascínio descontrolado pela principal personagem feminina.
A série encontra-se a ser publicada, em Portugal, pela G Floy, e prevê-se que o próximo volume seja lançado no final do próximo mês.
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