Eis, finalmente, o novo Astérix! A sinopse promete centrar-se numa nova escola de pensamento positivo denominada O Lírio Branco que, teoricamente, poderá revolucionar o estado de espírito das tropas romanas e, consequentemente, garantir novas vitórias. Até sobre os gauleses resistentes.

Neste caso, César é levado a enviar Palavreadus para impulsionar a moral das tropas romanos e, em simultâneo, domar os gauleses, conferindo-lhes uma perspectiva mais positiva e pacífica. Estes modos suaves e positivos terão um efeito estranho nalguns gauleses. Felizmente, o nosso Astérix estranhará mais do que entranha.

Quem me conhece bem sabe que as frases feitas, os chavões e os falsos positivismos não encaixam muito com a minha forma de ser – pelo que o tema deste volume me foi especialmente cativante. Palavreadus é o rei dos lugares comuns e das frases positivas, mesmo nas situações mais ridículas.

O que importa não é o número de tabefes que consegues dar, mas o número de tabefes que consegues aguentar mantendo-te em pé.

Temos de esforçar-nos por ver a verdadeira gaivota em cada um de nós.

Para além desta componente, temos o contraste entre a cidade e a província. Boapinta, a mulher do chefe, sonha com o quotidiano de Lutécia, onde existem espectáculos e o quotidiano é mais emocionante. Mas quando lá chega os parentes vêem-na como provinciana e, apesar do bom acolhimento, o sonho não se concretiza como esperado.

Pelo caminho há vários outros detalhes curiosos, como um trânsito infernal para entrar na cidade, uma enorme estação de CGV, a Nouvelle Cuisine (da qual os nossos amigos Astérix e Obélix fogem rapidamente) e uma percepção crítica dúbia que valoriza elementos diferentes nas exposições artísticas e espectáculos.

Apesar do final algo turbulento, este volume aproveita algumas das características conhecidas de Astérix e Obélix, para, com o elemento do positivismo, transformar a aldeia num cenário caricato. Como habitual, existem vários níveis nas piadas presentes na história, tendo gostado sobretudo da componente crítica.

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