Esta foi uma das mais recentes séries lançadas pela Asa, em parceria com o jornal Público. Cada volume apresenta dois volumes, sendo, infelizmente, de capa mole. Depois de achar que algumas destas colecções têm sido um pouco mais fracas em qualidade, não sabia o que esperar desta série – mas felizmente, encontrei uma boa série de acção, que, não sendo extraordinária, é uma agradável e cativante leitura, tendo lido os primeiros volumes de enfiada.

Em O Assassino a história centra-se num homem que tem como profissão ser assassino a soldo. Todos os seus trabalhos vêm através de um antigo perceptor que lhe indica os nomes dos que deve eliminar. Mas os últimos trabalhos parecem ser mais perigosos e lucrativos, fazendo com que o Assassino seja contratado por organizações mais perigosas do que a esposa traída ou o herdeiro impaciente.

Com o desaparecimento do intermediário, desaparece também o seu dinheiro, e o Assassino é obrigado a aceitar outros trabalhos. A série vai apresentando a progressão dos trabalhos em que se envolve, numa primeira linha, contratos de cartéis e posteriormente, trabalhos que reflectem jogos políticos internacionais ou interesses empresariais.

Em paralelo, o Assassino começa como uma personagem sem amarras, distanciado da família, saltitando de namorada em namorada. Mas existirá alguém, uma mulher nativa pouco questionadora, que irá captar a verdade e aliar-se a ele, constituindo uma das suas poucas amarras. As outras surgirão no seguimento da sua profissão, relações comerciais que se transformam em parcerias.

Cada volume começa com uma introspecção da personagem, quase sempre cínica, a propósito dos relacionamentos humanos, da sociedade ou da forma como os corruptos sobrevivem. Não que o Assassino esteja a tentar criar um mundo mais justo ou honesto, mas demonstrando uma personagem pouco empática e distanciada com uma abordagem prática sobre a vida e os relacionamentos.

Em termos de execução, a história segue alguns clichés de outras personagens semelhantes – o homem solitário e perigoso que se afasta dos outros seres humanos, ainda que acaba por estabelecer ocasionais e raras ligações. A perspectiva que revela alguma diferença mental em relação aos comuns mortais pela falta de empatia e, simultaneamente, capacidade de matar. Neste caso, o Assassino não mata por prazer, mas como ocupação, obtendo uma boa rentabilidade quando se compara com outras ocupações.

Com a progressão, a personagem torna-se mais complexa – não só pelo estabelecimento de laços, e consequentemente, de possíveis consequências, como pela envolvência em negócios mais complexos. A personagem evolui de forma coerente, mantendo-se os momentos de acção e introspecção. Tal como a narrativa, também o desenho parece evoluir, apresentando-se mais cru e simplista nas primeiras páginas, mas mais detalhado, realista e subtil nas últimas histórias.

O resultado é uma boa série de acção que entretém e consegue cativar interesse pela personagem peculiar. Não entra para as minhas séries favoritas de sempre, mas é uma leitura aconselhável para quem gosta do género thriller, possuindo uma abordagem inteligente para o género e que cumpre as expectativas de diversão.