
Hermann é o autor de várias séries de banda desenhada franco belga lançadas em Portugal. Rapidamente destaca-se Duke ou As Torres de Bois-Maury, bem como Comanche. Brigantus será a sua nova série, criada em parceria com Yves H, que em Portugal é lançada pela Arte de Autor.
A narrativa leva-nos ao ano 84 d.C., à região da Escócia, onde uma legião romana enfrenta os pictos, centrando-se num soldado que é constantemente achincalhado pelos colegas. Ainda que seja uma máquina de guerra eficaz, as suas origens fazem com que seja alvo de partidas, chacota e humilhações. Quando a sua legião sofre um duro ataque, as suas capacidades de batalha distinguem-se, mas o resultado será longe do esperado e justo.



Não gosto de começar com os defeitos, mas neste caso faz sentido. O grande defeito deste volume é ser tão curto. São 56 páginas em que a personagem e as suas circunstâncias são introduzidas, com um final em suspenso em que não se percebe o rumo que a narrativa seguirá. A personagem é silenciosa e misteriosa, o que não ajuda a perceber o tom dos próximos volumes. É um primeiro volume que sabe a pouco, prometendo algo mais.
Um dos pontos mais positivos será o ambiente, sombrio e nublado, em que se transmite ao leitor a sensação da legião que, estando perdida em território inimigo, perde o controlo aos acontecimentos. Tal como os soldados, transparece a desorientação, na qual a personagem principal será chave.



Em termos narrativos, parece uma história crua, dura e violenta, ao estilo de outras da dupla Hermann e Yves, em que o aspecto das personagens pode ser resumido a porcos, feios e maus. Bem, alguns não serão maus, mas o aspecto mais brutesco aplica-se a todos. Destaca-se, neste aspecto, a interacção entre a personagem principal e outra secundária, uma tentativa de parceria ou camaradagem com difícil concretização dadas as circunstâncias.
Sem a restante progressão da história, Brigantus é um volume que me deixa na expectativa – tem o potencial para se tornar numa boa leitura, ou para cair nos clichés já explorados na temática sem acrescentar algo de novo.