Tinha começado a ler esta série em 2022, quando saíram os primeiros dois volumes. A história começa quase de forma banal, centrando-se num cowboy que perseguia um pregador que espalhava o terror por onde passava. A trama leva a perceber que existe uma conspiração mais alargada que envolve figuras de elevado poder nos Estados Unidos que estabeleceram uma rede de influências.

Nestes volumes, a nossa figura central cede parte do seu protagonismo a uma mulher detective, que, apesar de ser tratada com condescendência pelos seus pares, se revela competente e corajosa, destacando-se sobretudo nos momentos mais tensos. A proximidade entre o nosso cowboy e a mulher detective desenvolve-se ao longo dos dois volumes, ainda que de uma forma inesperada.

Lonesome é uma história de cowboys, que se afasta dos desenvolvimentos usuais neste tipo de histórias. Ainda que existam as perseguições a cavalo e os tiroteios, que conferem momentos de acção, também existem tramas políticas e seitas satânicas. As pistas vão levar a história ao contexto urbano, onde a lei da bala cede lugar a uma organização policial e política.

O terceiro volume é, no entanto, um volume de passagem. Adiciona elementos e continua a premissa, tornando-se menos focado do que seria de esperar – gera-se, até, alguma confusão sobre se será a mesma história. Diria que há aspectos que se calhar só foram pensados após a escrita do segundo volume, levando a estes detalhes menos coesos.

No global, Lonesome é uma série agradável, que entrega uma história de cowboys com reviravoltas pouco habituais em cenários menos usuais para o estilo do Oeste. Este desenvolvimento poderá não agradar a quem pretende uma história mais típica. Tem momentos interessantes (apesar dos diferentes elementos que cruza), mas nem sempre se apresenta bem estruturada do ponto de vista narrativo.