Este é o primeiro volume de uma nova série Mangá lançada em Portugal pela Devir. Neste caso, o que me atraiu foi o conceito. Existem várias séries que nos mostram demandas e batalhas contra monstros, mas Frieren centra-se no que acontece após a vitória. Os heróis separam e dispersam, recordando os momentos de acção e envelhecendo pacificamente.

Ou nem todos. Frieren é uma das heroínas, parte de um grupo que, em demanda conseguiu eliminar o Rei Demónio, proporcionando-se, dessa forma, o surgir de uma nova época de paz. O grupo era composto por dois humanos, um anão e a elfo Frieren. Esta última, por natura, viverá longas décadas, não se apercebendo da efemeridade dos seus parceiros de aventuras – para ela os dez anos de aventuras passaram rapidamente.

Quando, largos anos mais tarde, um dos companheiros falece, o mais bondoso, Frieren percebe que gostaria de o ter conhecido melhor, e visita os restantes. Com o padre maldoso (como é referido um dos companheiros humanos) traduz um livro de magia e arranja uma aprendiz. Com o anão encontra novos objectivos.

Frieren é, como seria de esperar, uma série com uma perspectiva muito própria. Frieren colecciona magias, mas raramente as usa, existindo, ao longo deste volume, um único e rápido confronto. A maioria da narrativa acompanha a elfa na sua viagem de auto descoberta, enquanto tenta confrontar os seus arrependimentos pouco conscientes, com a rapidez com que os humanos envelhecem.

A elfa não só tem uma perspectiva temporal diferente, como é fria e distante. Mas também dependente para acordar cedo, distraída, naive, e, por vezes, desengonçada nas interacções. As suas diferenças permitem-lhe viver pausadamente e com introspecção.

O resultado é uma narrativa curiosa, ainda que não extraordinária, que agradou pela suavidade e caracterização estranha da personagem, parecendo aproximar-se mais da onda de fantasias confortáveis e amistosas que estão agora na moda. Convenceu-me o suficiente para adquirir e ler o segundo volume.