Eis um livro muito falado que foi recentemente lançado em Portugal pela Desrotina. Trata-se de uma história YA de contornos fantásticos que, como esperado, se centra num grupo de jovens adultos que gerem a sua própria casa de chá. Mas o que comercializam está para lá disso, existindo uma aura de clandestinidade.

O livro começa por nos apresentar o comércio na casa de chá, mostrando como de noite se transforma numa casa ilegal que serve bebidas de sangue aos vampiros que atende. A responsável pelo estabelecimento é uma figura sombria, que confia pouco nos que a rodeiam, e que esconde um passado doloroso onde terá lutado para conseguir a sua autonomia.

Assim se justifica o choque quando o seu estabelecimento é ameaçado, unindo outras figuras dúbias, marginais, para tentar manter a casa de chá. Estas figuras, para além de capazes, possuem uma agenda própria, e, claro, uma figura demasiado atraente. O plano terá como objectivo a infiltração na comunidade de vampiros e ameaçará as mais altas entidades de governação.

A premissa permite que a história tente ganhar tensão enquanto se organiza o golpe, explorando o passado de algumas personagens e justificando que, apesar de serem marginais, a sua marginalidade resulta das desgraças que viveram, ou das estranhas interacções familiares. Estes elementos pretendem agilizar a empatia do leitor para com as personagens, mas na realidade, não funcionou. Pelo menos comigo. A maioria das personagens (e dos seus problemas) não me interessaram.

Em termos narrativos, a história até flui, fruto da quantidade de acção que vai intercalando os episódios que exploram o passado (por vezes, estes mesmos episódios apresentam-se violentos ou movimentados). Existem, também, alguns puzzles que vão sendo resolvidos, tratando-se dos obstáculos que se apresentarão e para os quais existem, claro, capacidades entre os participantes para os resolver. Outro dos pontos menos positivos é que alguns destes obstáculos não parecem muito difíceis, apesar de serem apresentados de forma complexa.

A história tenta explorar a emoção da marginalidade (ou da ilegalidade) a par com criaturas sobrenaturais que são ostracizadas, mostrando alianças e conspirações, tanto entre os criminosos, como entre as figuras mais proeminentes da sociedade. São no entanto congeminações relativamente simples que até poderiam ter algum interesse mas diria que não são explorados como deveriam.

O resultado é uma leitura fluída e simples, que até pode agradar a novos leitores do género, mas que, no meu entender, falha na caracterização de personagens e na exploração das tensões, não trazendo nada de novo para o género, mas também não se destacando entre outros livros que fazem algo semelhante (e de melhor forma).