A figura de Al Capone é miticamente conhecida, destacando-se durante os anos 20 e 30 como um homem de negócios, que chefiava várias operações ilícitas, associadas a agiotagem, prostituição e claro, ao contrabando de bebidas durante a lei seca. Doente com sífilis, foi preso devido a evasão fiscal.

Aproveitando esta combinação, a história leva-nos à prisão de Al Capone, onde alucina com a memória da mãe e conta a sua própria versão da história, carregada de eufemismos. Em termos de texto, a descrição dos acontecimentos apresenta-se mais subtil (sendo essa a versão que estaria a contar a mãe) ainda que os desenhos expressem a realidade mais dura e violenta por detrás daquelas palavras.

A história de Al Capone é dura e violenta. Filho de migrantes italianos, tal como tantos outros naquela época nos Estados Unidos da América, percebe que o caminho do crime é uma forma de ultrapassar as dificuldades e de impor respeito entre os seus pares e não só. Mas Al Capone não é apenas um criminoso, destacando-se pela audácia e pela estratégia, que lhe garantirão um lugar de relevo nas operações criminosas.

Tal como indiquei anteriormente, existe uma dissociação entre os acontecimentos narrados e os detalhes que vemos nos desenhos, que apresentam o mesmo estilo da capa, com desenhos coloridos que parecem aliviar a brutidão dos acontecimentos narrados. Existem, portanto, momentos bastante violentos ao longo da história.

Em termos narrativos, esta abordagem diferente entre desenho e texto, permite uma execução carregada de subtilezas, produzindo-se um texto inteligente, onde o leitor se mantém atento às dissonâncias, distribuindo-se várias referências irónicas.

Não considero que seja uma leitura extraordinária, ainda que seja uma leitura que me tenha agradado bastante, quer pelo estilo narrativo e visual, quer pela forma como os dois se conjugam de forma inteligente e subtil.