Integrada em diferentes géneros, as opiniões divergem entre tratar-se de Crónica Política ou de Ficção Científica; mas poucos discordam do rótulo de Clássico para esta obra de ficção distópica que originou o conceito do Big Brother.
Escrito em 1948 por Orwell, 1984 apresenta-nos uma sociedade hierarquicamente rígida, mantida pela espionagem constante entre os seus membros. Quanto maior o escalão, maior a vigilância. As pessoas aprendem a controlar as palavras, os gestos, as expressões e até, o pensamento. Qualquer expressão é alvo de questionamento, todos os comportamentos são padronizados – a necessidade de relacionamento e os sentimentos são canalizados, os positivos para o Grande Irmão, os negativos para o Inimigo que ninguém conhece, mas é eternamente publicitado.
Ausência de identidade, lavagem cerebral constante, padronização, desvalorização da diferença – todos são potenciais espiões e traidores, todos se vigiam, nenhum sentimento mais profundo é permitido.
Perante tamanha clausura mental e controlo emoci0nal, fica-nos a sensação arrepiante de claustrofobia permanente. Mas mais arrepiante é pensar que tamanha vigilância é para onde se caminha actualmente.