Em parte pelas sinopses publicas, em parte pelas diferentes mas concordantes opiniões sobre o livro, River of Gods era daqueles livros pelo qual sentia bastante curiosidade.
Num futuro não muito distante, num país de terceiro mundo, no meio do caos humano e tecnológico, desenvolvem-se entidades artificiais de grande inteligência (aeais) que devem ser destruídas. A Índia encontra-se dividida em vários estados que poderão entrar em guerra em qualquer momento. Existem diferenças políticas, mas as disparidades sociais são as mesmas.
A história desenrola-se perspectivando as várias personagens: um oficial responsável pela destruição das entidades artificiais, e a sua esposa solitária em casa, um casal de cientistas que seguiu caminhos opostos, um ser humano assexuado, um conselheiro político com inclinação sexual obscura, uma jornalista ambiciosa, ou uma rapariga em busca dos pais biológicos que revela estranhos poderes.
Cada personagem tem a sua vida própria, as suas ambições, medos e esperanças – a esposa procura integrar-se numa sociedade de nível superior, caprichosa e hipócrita; o ser humano que pensava escapar à complexa sexualidade tornando-se assexuado vê-se numa história de amor incompreensível; ou a jornalista ambiciosa envolve-se numa reportagem de calibre demasiado elevado. Todas as personagens se entrelaçam e fazem parte de uma história maior de grandes dimensões.
O aspecto tecnológico é interessante, sem nos alienar – até porque a acção decorre poucos anos no futuro. O autor não se perde em explicações científicas esmagadoras e apenas é esclarecido o estritamente necessário para o decorrer da acção.
Com tal quantidade de personagens e complexidade, o livro não podia deixar de ser um calhamaço impressionante – mas um calhamaço que desde as primeiras páginas induz à sua leitura compulsiva e que só não li mais rápido por não arranjar posição para o ler. Bem estruturado e fluído,o final é o suficiente para não nos deixar desiludidos – perceptível , mas não esplendoroso.
Sem dúvida um Must Read dentro do género.
O Brasyl torna-se assim, visto que gostaste deste, leitura recomendada.