Para quem já conhece Altered Carbon, Black man não será uma surpresa, mas uma confirmação do género de Richard Morgan.
Num Futuro pouco distante em que os avanços tecnológicos se encontram dentro do expectável, Marte é uma colónia para onde se enviam os indesejáveis e trabalhadores pagos a preço de ouro. Em laboratório foram desenvolvidas variantes genéticas de seres humanos, como Bonobo ou Thirteen. Bonobo é uma variante humana de mulheres submissas usadas como criadas sexuais. Por sua vez, com Thirteen pretendia-se criar uma estirpe de homens mais agressivos, mais hábeis em combate – uma espécie de homem pré-civilizado, e consequentemente com uma baixa capacidade de integração e com a mania da perseguição. Estes seriam os soldados solitários por excelência. Ainda que as variantes genéticas sejam desprezadas, temidas ou marginalizadas, os Thirteen são os únicos que estão proibidos de procriar e que foram enviados para Marte, quando mais deles não havia necessidade. É a cor escura dos Thirteen que origina o título da edição inglesa do livro Black Man, ainda que na América tenha sido lançado como Thirteen para não ferir susceptibilidades.
Carl é um dos poucos Thirteen que conseguiu voltar a Terra, ficando encarregue de capturar Thirteen fugitivos – trabalho violento, imprevisto e frio que o leva a ter de eliminar por vezes outros seres humanos. E é por isso que, fora da jurisdicação da sua empresa, é colocado numa prisão, sem julgamento.
Simultaneamente, aquando da aterragem de uma nave de Marte com destino à Terra, origina-se o pânico. Um Thirteen clandestino terá acordado semanas antes do término da viagem, sozinho e sem comida… se não considerasse como tal os restantes tripulantes adormecidos. O cenário de terror é descoberto, mas o tripulante canibal desaparece misteriosamente.
E é com vista a poderem perseguir este Thirteen que Carl é liberto pelos agentes da COLIN.
Black Man é um livro movimentado, carregado de acção e de bons momentos, semelhante a Altered Carbon. No entanto, a meu ver terá sido demasiado prolongado com reviravoltas desnecessárias, tornando o final aliviante (finalmente acabou). Richard Morgan tenta também incorporar alguma tensão sexual que acaba por se perder nas passagens melancólicas que parecem tentar justificar as acções das personagens. Para mim, são estes dois pontos que me levam a não considerar este como um dos melhores livros do género dos últimos tempos.