Estrela distante é um dos livros escrito por Roberto Bolano, autor chileno que após a morte parece ter-se tornado uma celebridade em ascensão, com a publicação do seu romance incompleto, 2666. Se este último é um calhamaço de 1000 páginas, Estrela distante é exactamente o oposto – um livro fino que não chega a contar as 160.
A história centra-se na observação de um aspirante a poeta, um auto-didacta que comparece a encontros de poetas que se torna amigo apenas dos membros do género feminino, principalmente das gémeas Garmendia: Alberto Ruiz-Tagle. Personagem dúbia, Alberto destaca-se por parecer um homem culto e talvez talentoso, cujos poemas se caracterizam como impessoais e distantes.
Com o desenrolar da história, observador e observado separam-se, mas através de relatos de amigos é-nos revelada uma outra face de Alberto, um homem de crenças obscuras e múltiplas capacidades, a quem são atribuídos alguns dos actos mais hediondos praticados durante o Regime de Pinochet.
Estrela distante é mais do que um romance em torno de uma personagem complexa, é também o relato indirecto da vida sob o regime ditatorial chilena e a permanência dos fugitivos e exilados na Europa, chegando a ser, até uma crítica ao Chile.
Este é, no mínimo, um livro estranho, onde a par com a observação de uma personagem dúbia se relatam pequenos episódios cuja ironia apenas poderia ser captada por um bom observador – como um maluco que poderia ter fugido no momento certo, não fosse maluco. Talvez por ser um livro tão pequeno, gostei, mas não me fascinei – ficou a curiosidade em ler algo mais do autor.