Escrito em 1884, Flatland – Uma Aventura em Muitas Dimensões, é o relato da vida de um quadrado no mundo das duas dimensões, começando por nos descrever a sociedade e as leis pelas quais se regem no seu mundo. As mulheres são polígonos tão finos que podem facilmente espetar os que com elas se cruzam, não se diferenciando, vistas pela frente ou por trás, de pontos. De modo a evitar desgraças, entoam permanentemente cânticos e constituem o mais baixo nível numa sociedade que considera os seres com base na sua forma.

Por sua vez, os homens são polígonos, em que é o número dos seus lados que determina a inteligência e o estatuto social. Neste sentido, um círculo, um ser constituído por lados tão pequenos que são indistinguíveis, é o ser mais perfeito, e encontra-se no topo da hierarquia. Descendente de um triângulo, o quadrado que nos relata a história é um matemático, que conseguiu ascender socialmente os seus filhos.

Após sonhar com um mundo de uma só dimensão, onde tenta explicar aos pontos a existência de um mundo com polígonos ao invés de pontos, é transportado para o mundo das três dimensões,  onde, após aceitar a existência de um “para cima, não para norte” se questiona sobre a existência de quatro, cinco ou mais dimensões.

Flatland é um exercício interessante de ideias e de teorias, onde se discute a geometria e se questiona a religião, apresentando conceitos que são ainda hoje discutidos pelos físicos teóricos. Ainda que não seja uma história envolvente, é aconselhável pela forma como apresenta os conceitos e os agiliza, numa sátira matemática e religiosa.